Natal, da igreja ao shopping center
O marketing em torno da festa do dia 25 de dezembro, apoiado em elementos do imaginário religioso, ajuda-nos a entender como o consumo se revela filho legítimo do monoteísmo por Silvio Mieli Jornalista e professor do Departamento de Comunicação Jornalística da PUC/SP O cenário do anúncio impresso, lançado às vésperas do Natal de 2005, reproduzia a atmosfera de um quadro renascentista. Uma cliente se aproxima do caixa para pagar suas compras na loja de decoração. Olhar entre virginal e maternal, vestes angelicais, a mão direita apoiada sobre as caixas brancas e a esquerda sutilmente inclinada, segurando um cartão de crédito. Por trás dos seus cabelos dourados, uma baixela de prata pendurada na prateleira da loja conferia à consumidora uma auréola de “madona rafaelita”. “Fazer o bem é mais fácil do que você imagina”, dizia o slogan do cartão de solidariedade do banco. A peça publicitária parecia ter sido inspirada no tríptico Virtudes teologais (fé, esperança e caridade), pintado por ...