Até à 5ª Casa: Adeptonatismo - Por Sérgio Diamantino
Existe no mundo do futebol uma espécie de lavagem cerebral assustadora porque a razão deixa-se ultrapassar constantemente pelo sentimento e, nem sempre, esse sentimento é bom. Muitas vezes, o sentimento de cegueira é tão evidente que a falta sobre o nosso jogador é caso para expulsão e quando é o nosso jogador a fazer falta não é nada mais do que "ir à bola". E os adeptos não vão apenas "à bola". Há todo um ritual à volta do jogo que vai desde a indumentária, até ao apito final, passando pelo caminho que se faz até ao estádio, onde se estaciona antes de ir a pé ou apanhar o metro. “Ir à bola” implica todo um planeamento desde o encontro de amigos até às bifanas nas roulotes. É uma religião em que, dentro da mesma religião, se odeiam as diferentes igrejas. Onde os traidores de uns são os heróis de outros, onde nunca se desculpará nada até ao momento em que o traidor marca golos e que o herói das nossas cores passa a Judas com as cores do adversário. ...