A violência com nome de religião – Por Teresa Toldy e Tiago Pires Marques
Nestas conversões não é a “morte sem sentido” que se afigura como fim inexorável, mas a morte como forma última, ou única, de sentido. No início de Março, divulgou-se na comunicação social uma lista com nomes de jihadistas do Daesh, provenientes de países ocidentais. Alguns teriam ascendência portuguesa. Todos viviam em cidades europeias, tendo-se subitamente convertido ao islão. Num noticiário, o jornalista mostrava-se perplexo com a decisão de vida destes jovens, que, citando a peça, não pode conduzir senão a “uma morte sem sentido”. O fenómeno do “Estado Islâmico” [ISIS] é, indubitavelmente, motivo de perplexidade. Porém, interessa reflectir sobre o que este episódio nos pode sugerir a respeito da violência que se autojustifica com a religião. Em dois milénios de violência dita “religiosa” no mundo ocidental, as linhas de fractura dividiram fiéis de uma e outra religião e, dentro das religiões, as várias interpretações da tradição (ortodoxos e heréticos). ...