Entre a cruz e o Estado
No alto de uma colina, sobre a baía de Havana , repousa uma estátua. Mas o rosto esculpido em mármore carrara não é o do líder revolucionário Che Guevara, tampouco do ex-presidente Fidel Castro. Com 20 metros de altura e 320 toneladas, o "Cristo de Havana" foi inaugurado em 24 dezembro de 1958, apenas 15 dias antes de a revolução estourar na capital, e nunca foi removido. Recentemente, inclusive, foi restaurado pelo Estado, nos preparativos para a visita do Papa Bento XVI, que deixou a ilha na quarta-feira após três dias de visita. A curiosa contradição envolvendo o monumento parece ser também uma característica inerente à recente atuação da Igreja Católica na ilha comunista, tentando equilibrar seu papel na defesa dos direitos humanos com as conquistas alcançadas com a liberdade religiosa. A Igreja Católica nunca foi banida, mas Cuba era oficialmente um país ateísta até 1992. O governo revolucionário expulsou centenas de padres e freiras da ilha, apreendeu ...