Os ideais da esquerda não estão mais em sintonia com a evolução das sociedades contemporâneas marcadas pela ascensão do individualismo consumista e pelo retiro hedonista na esfera privada. Em suma, estamos vivendo tempos de direita. A esquerda, tanto a radical como a reformista, não tem se beneficiado com a crise financeira nem com o questionamento do liberalismo econômico que parecia surgir. Nas eleições européias de 2009, enquanto o capitalismo financeiro parecia ideologicamente fragilizado, a social-democracia registrou uma derrota histórica. Do outro lado do Atlântico, um vento de direita soprou sobre as eleições de meio-mandato, que viram o partido do presidente Barack Obama perder sua maioria na Câmara dos Deputados. Esse declínio das esquerdas a partir da década de 1990 dá credibilidade à teoria da ‘direitização’ das sociedades ocidentais, que floresceu em alguns círculos políticos e intelectuais que tinham sido amplamente mobilizados para explicar, em termos de hegemon...