A procura do sagrado na cidade profana – Por Valdemar Cruz
As cidades europeias são hoje, por definição, espaços profanos. É uma evidência que decorre da circunstância de as sociedades contemporâneas não estarem vinculadas a valores religiosos, pelo modo como se organizam, pelo modo como refletem o quotidiano dos cidadãos, pelo modo como se relacionam com os dilemas morais e éticos suscitados pelos desafios da vivência comum. O religioso não está ausente, nem foi expulso da vida da cidade. Apenas perdeu a centralidade de outros tempos. Durante séculos, assistimos a uma sacralização de tudo quanto tivesse a ver com o divino e o religioso. As cidades foram moldadas nessa dependência. Construíram-se grandiosas catedrais, belíssimas igrejas, templos singulares, pensados como forma de glorificar deus, mesmo se, para quem não acredita, exaltaram, antes de mais, a determinação e o engenho dos homens. Este era um debate feito com toda a naturalidade. Nos últimos anos, com o emergir do fanatismo islâmico, a questão religiosa salt...