Antes de abordarmos, sucintamente, a questão complexa da família (1), faz-se mister conscientizar uma verificação sem a qual toda nossa reflexão se apresentaria viciada ou condenada ao irrealismo. É o fato de que a família, mais que qualquer outra realidade, participa da ambiguidade inerente à condição humana que nos faz simultaneamente dementes e sapientes, sim-bólicos e dia-bólicos, numa palavra, nos revela a coexistência da luz e da sombre e de intrincadas de contradições que existem em cada um de nós. Por isso, por um lado, a família encerra altíssimos valores e, por outro, contem deformações lamentáveis. Dai viver em permanente crise, com chances de acrisolamento (donde vem a palavra crise) e de crescimento ou também com riscos de decadência e de deterioramento de sua situação. 1. Família: utopia e realidade Não obstante esse dado primeiro, não desaparece em nós dimensão utópica, vale dizer, aquele ...