Quatro décadas depois, Woodstock e movimento hippie ainda influenciam - Por Manoel Affonso de Mello
“Uma vez declarada a guerra, é impossível deter os poetas. A rima ainda é o melhor tambor” defendia o dramaturgo e ensaísta francês Jean Giraudoux (1882 – 1944), que morreu no ano em que os invasores alemães foram expulsos de sua pátria. Quando acabou a guerra e não começou a paz, ante às tensões da Guerra Fria, os tambores que, no passado, cadenciavam a marcha dos soldados imprimindo a força de ataque das infantarias foram substituídos pelas guitarras elétricas que passaram a acompanhar os movimentos de contestação dos anos 1960, sobretudo entre os hippies. Estes jovens norte-americanos inclinavam-se a formas bem humoradas, mas não menos contundentes, e pacíficas, mas não inocentes, de recusar e lutar contra o horror do momento histórico que os emoldurava. Em maio de 1968, nas ruas de Paris, esse “horror”, (leia-se horror como establishment, ordem imposta) foi combatido pelas mobilizações estudantis com paralelepípedos e palavras. “A palavra é um coquetel molotov” gritava a juv...