A morte de Benazir Bhutto
A ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, 54 anos, que morreu nesta quinta-feira (27) em Rawalpindi, se tornou em 1988 a primeira mulher na história moderna a chefiar o governo de um país muçulmano. Ela governou o país por duas vezes, de 1988 a 1990 e de 1993 a 1996. Benazir, que estudou nas universidades de Oxford e de Harvard, na Grã-Bretanha, mantinha boas relações com o Ocidente e estava ameaçada de morte pelos talibãs e pela rede terrorista al-Qaeda, segundo alertas da polícia paquistanesa.
A ex-chefe de governo nasceu em Karachi em 21 de junho de 1953, herdeira de uma poderosa dinastia de latifundiários. Era a mais velha de quatro irmãos, filhos de pai ocidentalizado e mãe iraniana xiita. O pai de Benazir, Zulfiqar Ali Bhutto, primeiro chefe de governo populista do Paquistão, foi deposto em um golpe de Estado e enforcado pelo ditador militar Zia-ul-Haq em 1979. Benazir já havia sobrevivido em outubro ao maior atentado da história do Paquistão, executado em meio à concentração popular que a acompanhava após regressar de um exílio de oito anos no exterior. Em 1998, Benazir se exilou voluntariamente para evitar ser processada por corrupção. Retornou apenas em 18 de outubro deste ano, após um acordo político com o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, para retirar as acusações de corrupção contra a ex-primeira-ministra. Benazir, que liderava o Partido Popular do Paquistão (PPP), viveu exilada entre Reino Unido e Dubai, capital comercial dos Emirados Árabes Unidos. A ex-primeira-ministra queria liderar seu partido nas eleições legislativas previstas para a metade de janeiro de 2008.
Principais fatos da vida política de Benazir Bhutto
1979
4 de abril: Zulfikar Ali Bhutto, pai de Benazir Bhutto, é executado após ser acusado de conspirar para o assassinato de um inimigo político, dois anos após sua expulsão do posto de primeiro-ministro.
1986
10 de abril: Bhutto retorna do exílio em Londres para liderar o Partido do Povo do Paquistão (PPP), fundado pelo seu pai.
1988
1º de dezembro: Bhutto, aos 35 anos, se torna a primeira premiê de um Estado muçulmano, depois de vencer as eleições parlamentares.
1990
6 de agosto: O presidente Ghulam Ishaq Khan destitui Bhutto, alegando abuso de poder, nepotismo e corrupção
1993
19 de outubro: Bhutto faz juramento para um segundo mandato como premiê.
1996
5 de novembro: O presidente Farooq Leghari destitui Bhutto de sua segunda administração diante das acusações de corrupção e improbidade administrativa, e pela morte extrajudicial de detentos.
1999
14 de abril: Justiça decreta Bhutto culpada das acusações de corrupção enquanto ela está fora do país. A decisão foi revogada mais tarde, mas ela permanece exilada.
2007
5 de outubro: O ditador Pervez Musharraf assina uma anistia que cobre outros casos de corrupção de Bhutto, abrindo caminho para um acordo.
18 de outubro: A ex-premiê retorna a Karachi, onde dezenas de milhares de partidários oferecem boas-vindas, em uma cerimônia marcada por um forte esquema de segurança. No entanto, o esquema não evita duas explosões próximas ao caminhão blindado que levava a ex-premiê. Ela escapa em meio às explosões.
27 de dezembro: Benazir Bhutto morre em atentado suicida
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