III Colóquio Internacional da Comissão da Liberdade Religiosa sobre "O contributo das religiões para a paz"
O presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, Mário Soares, alertou hoje que pode ocorrer uma guerra de civilizações se as religiões não forem um factor de paz. "As religiões devem discutir umas com as outras. Todas têm a verdade revelada e quem tem a verdade revelada pensa que tem o exclusivo e por isso é difícil conjugar, mas tenho verificado em encontros ecuménicos que é possível encontrar pontos comuns e é isso que é preciso desenvolver", disse. Mário Soares falava aos jornalistas num encontro com a presença do ministro da Justiça para apresentar o III Colóquio Internacional da Comissão da Liberdade Religiosa sobre "O contributo das religiões para a paz", a decorrer em Lisboa segunda e terça-feira. "O mundo está muito complicado. Se as religiões não forem um factor de paz pode acontecer que se entre numa guerra de civilizações e isso seria o pior de tudo que pode acontecer", disse.
Apesar do risco a que se refere, Mário Soares tem uma visão optimista sobre a questão até porque considera possivel um dialogo entre as religiões em busca de pontos de convergencia. Ao contrário do que defende o cientista político Samuel Huntington, no livro "Choque de civilizações", de que este seria o século das lutas religiosas, o presidente da Comissão da Liberdade Religiosa defende que o mundo está muito longe disso. "Não quero entrar na geoestratégia, mas estou convencido que se Obama ganhar as eleições isso desaparece como um sopro", frisou.
O grande desafio que hoje se coloca às religiões, acrescentou, é que, tendo sido elas durante muitos séculos factores de conflito - muitos deles também políticos por não existir a separação Estado/Igreja - encontrem agora caminhos para a paz. "A guerra é tão má para o homem que a humanidade tem de se dar conta que tem de fazer um grande esforço no diálogo e isso tem de começar pelas igrejas", acrescentou.
O encontro, cuja sessão de abertura será presidida pelo primeiro-ministro, é para Mário Soares um momento importante e inédito em Portugal por juntar representantes de varias confissões religiosas. "Gostaríamos que os debates fossem animados, que as pessoas se pronunciassem porque realmente as religiões é difícil discutirem umas com as outras".
O ministro da Justiça, Alberto Costa, destacou também a importância do colóquio internacional que debaterá não só o contributo das religiões para a paz como a questão da liberdade religiosa. "Não me recordo de nenhuma realização a este nível se ter verificado em Portugal. Esse é um aspecto que marca uma nova forma de afirmação da Comissão da liberdade Religiosa", disse. A sessão de abertura da conferência terá como oradores o primeiro-ministro, José Sócrates, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D.José Policarpo e o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa.
No primeiro painel dedicado aos contributos das religiões para a paz estarão representantes de varias confissões religiosas como o Hinduísmo, o Judaísmo, a Aliança Evangélica, Islão sunita e ismaelita, a União Budista Portuguesa, a Igreja Ortodoxa Grega e os Baha´is. O tema: "Liberdade religiosa do mundo actual" será abordado pelo coordenador da Ajuda à Igreja que Sofre para o relatório sobre a liberdade religiosa no mundo enquanto a liberdade religiosa em Portugal será um tema desenvolvido pelo professor Jónatas Machado, da faculdade de direito da Universidade de Coimbra. Já no que respeita ao tema "Crentes e não crentes face à laicidade" programada para o segundo dia do colóquio, está previsto que seja abordado por António Reis, professor da Universidade Nova de Lisboa e grão-mestre da Maçonaria, e por Agostino Giovagnoli, da Comunidade de S.Egídio.
Fonte: http://ww1.rtp.pt/noticias
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