Quando El Salvador foi realmente "a salvação" dos judeus europeus - Por Hadas Gold


Durante a Segunda Guerra Mundial, mais de 25 mil judeus europeus tornaram-se cidadãos de El Salvador, um país que a maior parte deles jamais havia visitado e que poucos chegariam a conhecer.

O país, quase do tamanho de Israel, chegou a justificar seu nome espanhol de "o salvador" graças a falsos certificados que tornaram milhares de judeus cidadãos salvadorenhos e impediram que eles fossem deportados para campos de concentração e a morte quase certa. A assinatura da maior parte dos certificados era a de George Mandel-Mantello, um judeu romeno refugiado que no início da década de 1940 buscou a ajuda de um conhecido salvadorenho na Suíça. O cônsul geral de El Salvador em Genebra, Jose Castellanos, indicou Mantello para o cargo falso de primeiro secretário, garantindo a ele um passaporte diplomático. O nome Mantello foi acrescentado para tornar seu nome mais latino. Mantello e Castellanos conseguiram certificados de nacionalidade em branco com a assinatura de Mantello levada aos consulados de vários países em Genebra, onde eles receberam estampilhas adicionais. O texto declarava que os portadores eram cidadãos da República de El Salvador, e estendia sua proteção aos portadores e às suas famílias. Outros diplomatas então contrabandearam os certificados para vários locais na Europa - basicamente na Hungria - onde eles eram preenchidos com as informações dos cidadãos hebreus.


A maior parte dos papéis de Mantello e Castellanos foi contrabandeada para Budapeste e emitida por Carl Lutz, o vice-cônsul suíço lá, que estava ajudando os judeus a conseguir documentos nessa "Casa de Vidro", uma fábrica de vidros abandonada que ele alugou graças ao governo suíço e depois se tornou um refúgio seguro para milhares de refugiados. Depois de mais de seis décadas, vem à tona a história de como Mantello e Castellanos salvaram milhares de judeus da Europa. Um novo documentário chamado "A Casa de Vidro" (The Glass House) conta a história deles. O diretor e a produtora do filme, Brad e Leonor Marlowe, disseram esperar que a promoção do filme em vários museus e universidades em todo o país sirva para divulgar o envolvimento até agora desconhecido de El Salvador na salvação de milhares de vítimas da perseguição nazista. Embora El Salvador tenha declarado guerra contra a Alemanha e tenha ficado ao lado dos aliados, nem Castellanos nem Mantello tinham a autoridade para emitir os certificados.


Mais tarde, o governo salvadorenho teve o seu papel no esquema, quando, em julho de 1944, seu ministro das Relações Exteriores entrou em contato com o governo suíço para oficialmente requisitar proteção total e representação para seus cidadãos na Hungria. Embora os próprios certificados garantissem alguma forma de proteção, Castellanos e Mantello precisaram convencer os governos da Suíça e da Hungria a estender a proteção aos novos "salvadorenhos" no segundo país. Suspeitando do arranjo, o governo suíço realizou uma demorada investigação durante a qual Castellanos repetidamente alegou que Mantello era um legítimo alto funcionário. Ele não era, segundo declarações divulgadas recentemente pelo governo de El Salvador. No início, Mantello, com o total apoio de Castellanos, emitiu certificados de cidadania apenas para pessoas que ele conhecia e nomes fornecidos por organizações judaicas.


Em meio à sua operação, Mantello soube que todos os seus familiares, que ele acreditava estarem vivendo em relativa segurança na Hungria, exceto o filho que vivia com ele na Suíça, haviam sido deportados e enviados para campos de concentração. Nenhum deles sobreviveu. "Essa é a história de um homem de grande coragem que enfrentou o sistema," disse Ricardo Miram Ferraroti, um alto funcionário salvadorenho que tem pressionado o Yad Vashem Holocaust Museum em Jerusalém a conferir o título de "Gentio Honrado" a Castellanos. Mantello não poderia receber a comenda porque era judeu. O "Gentio Honrado" é um não-judeu que arriscou sua vida, liberdade e segurança para resgatar um ou vários judeus da ameaça de morte ou deportação sem exigir compensação monetária ou outras recompensas, segundo informação do site do museu na internet. Castellanos raramente falava do assunto e geralmente minimizava suas ações durante a guerra, disse sua filha, Frieda Garcia, em uma entrevista coletiva na embaixada de El Salvador em Washington. Ela disse que ele só soube de toda a história no final da década de 1970. "A memória de nosso pai está fora das estantes, fora das gavetas e sobre a mesa de novo," disse Garcia.

Fonte: http://www.coxnews.com

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