China, a vez dos sociólogos – Por António Caeiro
Considerada até há pouco tempo uma “disciplina burguesa”, a sociologia parece desempenhar hoje um papel central na vida académica e politica da China, proporcionando aos seus investigadores uma liberdade surpreendente. “Nos próximos trinta anos devemos libertar a sociedade das mãos do Estado, como fizemos com a economia durante os últimos trinta anos de reforma e abertura”, diz Shen Yuan, vice-director do Centro de Estudos da China Contemporânea da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Qinghua, em Pequim.
Trata-se de uma das mais prestigiadas universidades chinesas, onde se formaram importantes membros da actual liderança chinesa, incluindo o secretário-geral do Partido Comunista e presidente da Republica, Hu Jintao, e o vice-presidente, Xi Jinping, apontado como o seu provável sucessor. O sociólogo francês Jean-Louis Rocca, professor na Qinghua, é peremptório: “A liberdade de tom utilizada pelos sociólogos chineses põe em causa o que habitualmente se pensa no Ocidente acerca de liberdade de expressão na China”. “No domínio académico, há uma grande liberdade. Os sociólogos chineses não se opõem politicamente ao governo, mas são muito críticos”, acrescentou.
Jean-Louis Rocca falava a propósito da obra colectiva “A sociedade chinesa vista pelos seus sociólogos”, que Rocca e Shen Yuan apresentaram esta semana em Pequim. Após a fundação da Republica Popular, em 1949, a China “seguiu o exemplo da União Soviética” e baniu o ensino da sociologia, considerada “uma disciplina burguesa” e que “o materialismo histórico podia facilmente substituir”, recordou Shen Yuan. “1953 foi o ano da morte da sociologia”, disse.
Morreu, mas ressuscitaria 25 anos mais tarde, depois da direcção do Partido Comunista adoptar a politica de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior” e de Deng Xiaoping, “o arquitecto-chefe das reformas”, ter defendido que “a sociologia devia recuperar o seu atraso”. Hoje, a China tem cerca de 300 instituições dedicadas à sociologia e “entre 6.000 e 10.000 investigadores”, referiu Shen Yuan. “Temos uma grande equipe”, afirmou.
Assumido admirador do sociólogo francês Alain Touraine, Shen Yuan acredita que “a sociologia vai desempenhar um papel importante na reconstrução da sociedade chinesa”. “O próprio governo, que desde 2005 fala na construção de uma ‘sociedade harmoniosa’, já nos deu sinais disso”, disse. Na opinião de Rocca, “os sociólogos na China são mais ouvidos do que em França e também mais contestatários”. Toda a China é, alias, “um verdadeiro laboratório de investigação” e “um terreno de experimentação que não se compara a nenhum outro pais”, sustenta aquele sociólogo francês.
Fonte: http://www.lusa.pt/
Trata-se de uma das mais prestigiadas universidades chinesas, onde se formaram importantes membros da actual liderança chinesa, incluindo o secretário-geral do Partido Comunista e presidente da Republica, Hu Jintao, e o vice-presidente, Xi Jinping, apontado como o seu provável sucessor. O sociólogo francês Jean-Louis Rocca, professor na Qinghua, é peremptório: “A liberdade de tom utilizada pelos sociólogos chineses põe em causa o que habitualmente se pensa no Ocidente acerca de liberdade de expressão na China”. “No domínio académico, há uma grande liberdade. Os sociólogos chineses não se opõem politicamente ao governo, mas são muito críticos”, acrescentou.
Jean-Louis Rocca falava a propósito da obra colectiva “A sociedade chinesa vista pelos seus sociólogos”, que Rocca e Shen Yuan apresentaram esta semana em Pequim. Após a fundação da Republica Popular, em 1949, a China “seguiu o exemplo da União Soviética” e baniu o ensino da sociologia, considerada “uma disciplina burguesa” e que “o materialismo histórico podia facilmente substituir”, recordou Shen Yuan. “1953 foi o ano da morte da sociologia”, disse.
Morreu, mas ressuscitaria 25 anos mais tarde, depois da direcção do Partido Comunista adoptar a politica de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior” e de Deng Xiaoping, “o arquitecto-chefe das reformas”, ter defendido que “a sociologia devia recuperar o seu atraso”. Hoje, a China tem cerca de 300 instituições dedicadas à sociologia e “entre 6.000 e 10.000 investigadores”, referiu Shen Yuan. “Temos uma grande equipe”, afirmou.
Assumido admirador do sociólogo francês Alain Touraine, Shen Yuan acredita que “a sociologia vai desempenhar um papel importante na reconstrução da sociedade chinesa”. “O próprio governo, que desde 2005 fala na construção de uma ‘sociedade harmoniosa’, já nos deu sinais disso”, disse. Na opinião de Rocca, “os sociólogos na China são mais ouvidos do que em França e também mais contestatários”. Toda a China é, alias, “um verdadeiro laboratório de investigação” e “um terreno de experimentação que não se compara a nenhum outro pais”, sustenta aquele sociólogo francês.
Fonte: http://www.lusa.pt/
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