Curso desvenda relação entre cinema e quadrinhos
O cinema e as histórias em quadrinhos têm uma longa parceria. Para aprofundar as discussões sobre o tema, a Universidade da Amazônia (Unama) oferece o curso “Cinema x História em Quadrinhos”, que será ministrado por Arnaldo Prado Júnior, sócio-fundador do Cineclube Juventude. O curso será ministrado a partir do dia 16, dentro do Programa Cinema e Cultura, em parceria com a Arquidiocese de Belém.
Vice-presidente da Associação de Críticos de Cinema do Pará (ACCPA), Arnaldo é mestre em Ciências da Informática pela PUC do Rio de Janeiro e professor da Faculdade de Computação da Universidade Federal do Pará (UFPA). Leitor assíduo de quadrinhos e cinéfilo, ele acabou de tornando se um grande pesquisador do tema. Em entrevista ao CADERNO VOCÊ, Arnaldo Prado Júnior fala sobre a importância do tema: “Vou levar para os participantes da oficina a discussão sobre cinema e quadrinhos, mostrando a evolução das duas linguagens desde o seu nascimento. Quero explorar pontos atuais, como a computação gráfica nas produções e o quanto essa evolução tecnológica tem contribuído para adaptações de quadrinhos”, diz Arnaldo. Com sete dias de duração, o curso será dividido entre discussões, debates, além da exibição de algumas produções clássicas, como “Flash Gordon”, protagonizado pelo lendário ator Buster Crabb nos anos 30.
A linguagem do cinema, suas semelhanças e diferenças; os personagens dos quadrinhos no cinema e nos seriados e longas-metragens; as novas tecnologias nos quadrinhos e no cinema e a influência das convergências tecnológicas e midiáticas também serão tratadas.
Segundo Arnaldo, a ideia é dialogar com o público para analisar a melhor forma de interagir a partir de exemplos atuais e antigos. O Programa Cinema e Cultura será executado durante o ano e tem como objetivo promover atividades de formação e debates direcionados a iniciantes na linguagem cinematográfica. Segundo João Inácio, coordenador do programa, ainda neste semestre serão realizadas duas mesas-redondas e, no segundo semestre, um curso básico de roteiro cinematográfico. A temática abordada por Arnaldo é atual e engloba diversas áreas ligadas a comunicação e tecnologia. Quadrinhos e cinema são duas poderosas linguagens criadas quase ao mesmo tempo, e que também deram força à própria indústria cultural. Um termo famoso das escolas de Comunicação, desenvolvido pelo teórico alemão Adorno para definir a produção em larga escala de produtos culturais. Algo popularmente chamado de “produto de massa”.
A importância na leitura entre as crianças é fundamental, aliás, quadrinhos são um excelente instrumento pedagógico para o ensino, principalmente relacionados à leitura e interpretação de textos. No entanto, isto não deve se limitar apenas ao caráter infantil. O professor e pesquisador da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo Waldomiro Vergueiro defende o uso dos quadrinhos em sala de aula dde os anos 90. Ele, assim como outros pesquisadores, como Álvaro de Moya, falam dessa linguagem como uma forma essencial de leitura, onde palavra, imagem e contexto formam um “texto”.
Um exemplo claro disso é a dificuldade interpretativa de diversos vestibulandos ao se depararem com as famosas tirinhas em suas provas de fim de ano. Hoje a linguagem das HQs se uniu ao cinema, que numa análise detalhada pode ser chamado de uma “primo” dos quadrinhos, já que ambos têm como base o mesmo elemento: a imagem. Se os quadrinhos conseguiram uma grande atenção do público por unir imagem e texto para compor um discurso, o cinema foi mais além, trazendo a imagem em movimento e o deslumbre da imitação da realidade.
As sessões são como rituais coletivos: de uma só vez, 40, 50, 100 pessoas podem compartilhar da experiência de assistir a uma história. Algo que hoje pode ser vista como uma cena banal, já foi visto como “a magia do cinema”. A união de cinema e HQs gera um produto de tamanho alcance e poder que pode ser medido nas bilheterias e nos milhares de produtos criados a partir de cada adaptação. Quadrinhos e cinema se adaptaram a cada época e inseriram novas técnicas, formatos e discursos em seu próprio conceito. Se antes o cinema era mudo e sem cores, hoje ele tem som, cores, efeitos especiais para tudo e até mesmo versões que prometem mostrar os limites da capacidade de exibição, como é o caso do cinema Imax, que aposta numa tela digital do tamanho de um prédio de oito andares.
Se hoje vemos grandes adaptações como “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, “Homem-Aranha”, “O Homem de Ferro” e “X-Men”, entre tantos outros que ainda surgirão - como “Watchmen” - o motivo, como sempre, é a reformulação do modo como o cinema e o quadrinhos estão sendo explorados, numa constante troca entre o público consumidor e o mercado cultural.
Fonte: http://www.diariodopara.com.br
Comentários
Meu nome é Diego Andrade e sou o autor deste texto. Também sou um pesquisador da relação quadrinhos e cinema e em breve publicarei um livro sobre o tema.
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Você também pode encontrar algumas curiosidades sobre cultura pop no blog que participo: www.100grana.wordpress.com
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