PUC-SP inicia campanha contra uso de drogas no campus – Por Wagner Gomes
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
O uso de maconha dentro do campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em Perdizes, zona oeste de São Paulo, está com os dias contados. A nova reitoria da universidade, que tomou posse em novembro passado, decidiu dar um basta à liberalidade e, há dois meses, abriu guerra contra a droga orientando os 120 seguranças da Graber, empresa terceirizada que cuida da segurança dos 20 mil alunos, a iniciar uma "lista" de usuários.
"Não vamos fazer vista grossa ao problema, como alguns pais de alunos", diz o pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias, Hélio Roberto Deliberador. É a primeira vez na história da universidade que o tema é tratado desse jeito. O campus da PUC, que abriga o Teatro Tuca, sempre foi uma espécie de território dos alunos. "Minha meta é deixar a universidade livre do uso de drogas. É sempre um jogo de gato e rato. Os grupinhos saem de um lugar e vão para o outro para não serem vistos, mas nós vamos atrás para identificar todos eles e chamar para uma conversa", afirma Deliberador. O primeiro comunicado aos 11 centros acadêmicos e aos funcionários da universidade foi encaminhado em abril, logo depois do início do ano letivo. A partir de então, os seguranças foram orientados a abordar os estudantes para anotar o nome, o curso que faz e informar da proibição. Os reincidentes são convidados para uma conversa com o próprio reitor, Dirceu de Melo. Alguns são até fotografados ao serem flagrados com maconha, para permitir que sejam identificados posteriormente .
Na manhã desta segunda-feira, era perceptível o cheiro de maconha em corredores da universidade. Até mesmo no Centro Acadêmico da Faculdade de Ciências Sociais estudantes jogavam xadrez e fumavam maconha. Nenhum deles quis comentar a proibição. Era possível identificar o cheiro da maconha também no corredor do curso de Jornalismo, que fica entre a ruas Monte Alegre e a Cardoso de Almeida. "É natural que isso aconteça aqui, onde a polícia não entra. O ambiente universitário é um pouco subversivo e as drogas estão no contexto. É hipocrisia dizer que não existe droga na universidade", disse uma aluna do quarto ano de direito, que preferiu não se identificar. Depois que a medida de combate às drogas foi anunciada pela reitoria, os usuários passaram a evitar os lugares de maior circulação, como a Praça da Cruz, no prédio velho do campus, e a prainha, uma pequena escadaria na ligação dos prédios. Segundo os alunos, a quadra de esporte, que fica um pouco mais afastada, continua sendo utilizada pelos alunos para acender um cigarro de maconha, assim como os centros acadêmicos. Recentemente o Centro Acadêmico 22 de Agosto fez uma pesquisa, que acabou virando uma espécie de plebiscito, sobre o uso da maconha na PUC São Paulo. A metade dos alunos entrevistados, cerca de 700 pessoas por turno, foi contra o uso na universidade. Um aluno de Ciências Sociais que também não quis se identificar diz que "a PUC, que já formou inúmeros intelectuais, não pode ficar com o estigma de uma universidade de maconheiro".
De acordo com o pró-reitor, diariamente pelo menos 10 alunos são abordados pelos seguranças. Segundo ele, pelo menos 10% dos estudantes já tiveram algum contato com a droga dentro da PUC. A maior parte fuma maconha, mas tem um número reduzido de usuários de drogas psicoativas (cocaína, drogas sintéticas, ecstasy e ácido). Atualmente, pelo menos seis alunos e até um funcionário estão sendo observados mais de perto pela reitoria. A idéia, segundo Deliberador, é encaminhá-los para tratamento. "Nós vamos tratar diferentemente o usuário do traficante, como diz a lei. A legislação diz que o usuário deve ser olhado como alguém que precisa de ajuda, não de privação de liberdade", afirma o pró-reitor. Deliberador diz que o número de alunos que fumam maconha é pequeno em comparação com o total de matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação, mas ele explica que o vício gera um impacto negativo para toda a instituição.
Segundo Deliberador, a maconha produz fumaça e um cheiro desagradável para toda a comunidade. O pré-reitor acredita que os alunos, agora que estão sendo identificados, vão se preocupar em parar com o vício, pois não querem ser denunciados aos pais e muito menos perderem uma oportunidade futura de emprego por terem sido denunciados como "usuários" dentro da universidade. "Eu sei que comprei uma briga enorme com os alunos. Mas eles sabem que eu sou muito franco. Minha perspectiva não é moralista. Não quero fazer uma guerra, no entanto, não vou liberar geral", afirma Deliberador. Nesta segunda-feira à noite (15/06), será realizado na PUC o seminário "Drogas: legalização, descriminalização, repercussão na sociedade e efeitos no usuário". Além de representantes da PUC, participam pessoas ligadas a Organizações Não-Governamentais (ONGs) e o delegado Luiz Carlos Magno, do Departamento de Narcóticos de São Paulo. Deliberador diz que esse problema não é exclusivo da PUC e afirma que já entrou em contato com as outras universidades, inclusive a USP, para tentar montar uma ação conjunta de combate às drogas. "Se os alunos querem continuar usando droga, que façam isso longe daqui. Universidade não é espaço para isso", afirma o pró-reitor. A idéia é restringir a entrada de não alunos no campus para evitar que desconhecidos circulem pelo local, mas a PUC não planeja usar catracas.
Fonte: http://oglobo.globo.com [com adaptações]
O uso de maconha dentro do campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em Perdizes, zona oeste de São Paulo, está com os dias contados. A nova reitoria da universidade, que tomou posse em novembro passado, decidiu dar um basta à liberalidade e, há dois meses, abriu guerra contra a droga orientando os 120 seguranças da Graber, empresa terceirizada que cuida da segurança dos 20 mil alunos, a iniciar uma "lista" de usuários.
"Não vamos fazer vista grossa ao problema, como alguns pais de alunos", diz o pró-reitor de Cultura e Relações Comunitárias, Hélio Roberto Deliberador. É a primeira vez na história da universidade que o tema é tratado desse jeito. O campus da PUC, que abriga o Teatro Tuca, sempre foi uma espécie de território dos alunos. "Minha meta é deixar a universidade livre do uso de drogas. É sempre um jogo de gato e rato. Os grupinhos saem de um lugar e vão para o outro para não serem vistos, mas nós vamos atrás para identificar todos eles e chamar para uma conversa", afirma Deliberador. O primeiro comunicado aos 11 centros acadêmicos e aos funcionários da universidade foi encaminhado em abril, logo depois do início do ano letivo. A partir de então, os seguranças foram orientados a abordar os estudantes para anotar o nome, o curso que faz e informar da proibição. Os reincidentes são convidados para uma conversa com o próprio reitor, Dirceu de Melo. Alguns são até fotografados ao serem flagrados com maconha, para permitir que sejam identificados posteriormente .
Na manhã desta segunda-feira, era perceptível o cheiro de maconha em corredores da universidade. Até mesmo no Centro Acadêmico da Faculdade de Ciências Sociais estudantes jogavam xadrez e fumavam maconha. Nenhum deles quis comentar a proibição. Era possível identificar o cheiro da maconha também no corredor do curso de Jornalismo, que fica entre a ruas Monte Alegre e a Cardoso de Almeida. "É natural que isso aconteça aqui, onde a polícia não entra. O ambiente universitário é um pouco subversivo e as drogas estão no contexto. É hipocrisia dizer que não existe droga na universidade", disse uma aluna do quarto ano de direito, que preferiu não se identificar. Depois que a medida de combate às drogas foi anunciada pela reitoria, os usuários passaram a evitar os lugares de maior circulação, como a Praça da Cruz, no prédio velho do campus, e a prainha, uma pequena escadaria na ligação dos prédios. Segundo os alunos, a quadra de esporte, que fica um pouco mais afastada, continua sendo utilizada pelos alunos para acender um cigarro de maconha, assim como os centros acadêmicos. Recentemente o Centro Acadêmico 22 de Agosto fez uma pesquisa, que acabou virando uma espécie de plebiscito, sobre o uso da maconha na PUC São Paulo. A metade dos alunos entrevistados, cerca de 700 pessoas por turno, foi contra o uso na universidade. Um aluno de Ciências Sociais que também não quis se identificar diz que "a PUC, que já formou inúmeros intelectuais, não pode ficar com o estigma de uma universidade de maconheiro".
De acordo com o pró-reitor, diariamente pelo menos 10 alunos são abordados pelos seguranças. Segundo ele, pelo menos 10% dos estudantes já tiveram algum contato com a droga dentro da PUC. A maior parte fuma maconha, mas tem um número reduzido de usuários de drogas psicoativas (cocaína, drogas sintéticas, ecstasy e ácido). Atualmente, pelo menos seis alunos e até um funcionário estão sendo observados mais de perto pela reitoria. A idéia, segundo Deliberador, é encaminhá-los para tratamento. "Nós vamos tratar diferentemente o usuário do traficante, como diz a lei. A legislação diz que o usuário deve ser olhado como alguém que precisa de ajuda, não de privação de liberdade", afirma o pró-reitor. Deliberador diz que o número de alunos que fumam maconha é pequeno em comparação com o total de matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação, mas ele explica que o vício gera um impacto negativo para toda a instituição.
Segundo Deliberador, a maconha produz fumaça e um cheiro desagradável para toda a comunidade. O pré-reitor acredita que os alunos, agora que estão sendo identificados, vão se preocupar em parar com o vício, pois não querem ser denunciados aos pais e muito menos perderem uma oportunidade futura de emprego por terem sido denunciados como "usuários" dentro da universidade. "Eu sei que comprei uma briga enorme com os alunos. Mas eles sabem que eu sou muito franco. Minha perspectiva não é moralista. Não quero fazer uma guerra, no entanto, não vou liberar geral", afirma Deliberador. Nesta segunda-feira à noite (15/06), será realizado na PUC o seminário "Drogas: legalização, descriminalização, repercussão na sociedade e efeitos no usuário". Além de representantes da PUC, participam pessoas ligadas a Organizações Não-Governamentais (ONGs) e o delegado Luiz Carlos Magno, do Departamento de Narcóticos de São Paulo. Deliberador diz que esse problema não é exclusivo da PUC e afirma que já entrou em contato com as outras universidades, inclusive a USP, para tentar montar uma ação conjunta de combate às drogas. "Se os alunos querem continuar usando droga, que façam isso longe daqui. Universidade não é espaço para isso", afirma o pró-reitor. A idéia é restringir a entrada de não alunos no campus para evitar que desconhecidos circulem pelo local, mas a PUC não planeja usar catracas.
Fonte: http://oglobo.globo.com [com adaptações]
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