394 anos: Belém, capital da diversidade religiosa




Diferenças religiosas estão cada vez mais sendo deixadas de lado. Belém tem uma das manifestações religiosas mais importantes do Brasil: o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Em um único dia, mais de dois milhões de pessoas se unem pela fé na Virgem de Nazaré. Mas a cidade também se destaca pela grande diversidade de religiões, assim como pela liberdade de escolha e pela tolerância. Em toda parte da cidade, é possível encontrar pessoas adeptas das mais diversas religiões, como o espiritismo e o protestantismo. Também estão muito presentes na capital do Pará as religiões afro-brasileiras trazidas da África pelos escravos. Há ainda manifestações de muitas outras religiões, vindas dos mais diversos lugares do mundo, como o islamismo, o judaísmo, o neopaganismo ou o mormonismo.

Mas, como será que os integrantes das diversas religiões encaram as diferenças? Como fazer para que a crença de cada um seja respeitada por todos? O chanceler da Arquidiocese de Belém, padre Ronaldo Menezes, define a diversidade religiosa que existe na cidade como “saudável”. Segundo ele, embora haja diferentes modos de viver a religião, existe um respeito muito grande entre as pessoas de religiões distintas. “O importante não é o que nos diferencia, e sim o que nos une. Existe espaço para todas as religiões, o importante é ter fé e acreditar”. A freira Fátima Corpes convive com a diversidade dentro de sua família. Enquanto optou pelo convento, uma de suas irmãs se tornou pastora de uma igreja evangélica. “Eu acho que os diferentes pontos de vista religiosos são importantes, porque, quando há tolerância, nós podemos ver a maneira diferente que cada um tem de se relacionar com Deus”.



LIBERDADE

Na opinião do presidente da União religiosa dos cultos umbandistas e afro-brasileiros do Estado do Pará, coronel Itaci Domingues, as religiões passaram a ter uma dinâmica maior em todo o país depois da Constituição Federal de 1988, que decretou a liberdade religiosa em todo o Brasil. “Antes disso, havia o temor de exercer suas religiões, não havia respeito e convivência”. Avaliando a situação atual, o coronel diz ter acontecido um avanço.

Deixamos de ter medo e receio da nossa prática. Temos uma lei que é clara e nos protege. Além disso, o Papa João Paulo II abriu a porta do vaticano para outras religiões. Hoje, posso dizer que houve uma aproximação muito grande aqui em Belém, principalmente da religião católica com a religião afro-brasileira. Esperamos que isso continue e se estenda a outras religiões”.

A pastora Cibele Kuss, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, explica que já existe em Belém varias inicitativas que promovem o diálogo entre os religiosos. Ela coordena um comitê inter-religioso formado por 24 entidades religiosas e dez religiões distintas. “Nós unimos todas as religiões com o objetivo de promover o bem para a humanidade”. Cibele diz que durante os encontros, os religiosos aprendem a conviver com as diferenças. “Cada um age de acordo com aquilo que acredita. Trabalhamos no combate à intolerância religiosa, atitudes de preconceito e discriminação contra determinadas religiões. Também precisamos ajudar muito mais nas relações, para aproximar, reconciliar, para ajudar as pessoas a se entenderem melhor”.

A pluralidade das religiões em Belém fez com que muitos jovens escolhessem a área da religiosidade como profissão. Com apenas 20 anos de idade, Thayana Machado faz um curso preparatório para se tornar pastora evangélica. Batizada na igreja católica, Thayana pedia para ir à missa aos domingos com sua babá, já que seus pais não tinham tempo de levá-la à igreja. Aos oito anos, passou a frequentar a igreja evangélica e decidiu que iria mudar de religião.  Aos 14 anos, a garota se tornou líder de uma célula (grupo pequeno de pessoas que se reúnem durante uma hora do dia para celebrar um miniculto). Hoje, Thayana participa de um curso de teologia de pastores na igreja, e tem como uma das metas de sua vida se tornar pastora evangélica.

Erick Santos também decidiu seguir a vida religiosa desde pequeno. O interesse dele começou quando tinha apenas 10 anos e atuava como coroinha em uma igreja católica. Aos 15 anos, Erick decidiu que queria ser padre e, hoje, aos 18, já participa de um seminário preparatório para padres. “Escolhi esse caminho e sei que serei feliz assim. Cada um aproveita a vida do jeito que acha melhor, eu me sinto bem e com certeza sei que farei o bem para muitos fiéis”.

Fonte: http://www.diariodopara.com.br

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