Mostra revela começo e fim de comunidade indígena - Por Joyce Carvalho
A história, a descoberta e o fim de uma das comunidades indígenas do Paraná é o tema da exposição Fragmentos de Xetá, do artista plástico Silvio Rocha. O lançamento está marcado para hoje, às 19h, no Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões, em Curitiba. A mostra fica em cartaz até o dia 11 de março.
Os últimos dos Xetá. Kuein.
Setembro de 1975 (Agência O Globo)
Esta será a 10ª e última exposição do projeto de Rocha, cujo foco é a etnia xetá, que foi descoberta na região Noroeste do Paraná em dezembro de 1954. Hoje, só existem seis índios da etnia vivos. Um deles vai comparecer no lançamento de hoje. Rocha fez uma intensa pesquisa para encontrar informações sobre o costume deste povo, o que aconteceu com os índios e a contribuição deles. A pesquisa durou um ano e o artista achou poucas referências bibliográficas sobre o assunto. Rocha afirma que existe um arquivo bom no Museu Paranaense, em Curitiba, com peças que pertenciam aos índios xetá.
“Havia um desconhecimento absoluto das pessoas ligadas à cultura e à educação na região sobre os xetás. A intenção deste projeto foi fazer um resgate histórico, que resultou também em um material didático”, explica.
O artista pintou 20 telas a óleo com este tema em um ano. Elas trazem os aspectos de vida dos índios, a destruição de seu habitat e o massacre que sofreram. Não há confirmação de qual era o tamanho exato da população há 50 anos. Estima-se que, na época da descoberta dos xetás, havia cerca de 500 índios da etnia na região. De acordo com Rocha, dez anos após o primeiro encontro com os índios da etnia xetá, sobraram oito remanescentes. Estas crianças foram retiradas de sua comunidade e, por isso, sobreviveram. Hoje, são apenas seis xetás e seus descendentes.
As obras resultaram na exposição Fragmentos de Xetás, que já passou pelas cidades de Cruzeiro do Oeste, Douradina, Umuarama, Nova Olímpica, Iporã, Guaíra, Tapejara, Cianorte e Campo Mourão. Durante a permanência da exposição em cada cidade, o artista promoveu palestras para estudantes e contou com o apoio de secretarias de educação e de cultura destes locais. No fim do circuito das exposições, todas as telas serão doadas.
O projeto provocou diversas reações em quem hoje vive na região Noroeste do Estado. Segundo Rocha, a primeira foi o susto. “As pessoas desconheciam a etnia e a forma com que foram exterminados. Causou um impacto muito grande. Ficou a lição de que um pouco mais de cuidado poderia evitar o que aconteceu”, explica Rocha.
Os xetás morreram em tão pouco tempo por causa de doenças levadas pelo homem branco, envenenamentos e assassinatos. Há o relato do extermínio de um grupo de 35 índios por lavradores da região. “Houve o extermínio de todas as formas, inclusive a mais triste, que é tirar o índio de seu ambiente e deixá-lo por conta”, comenta. O projeto foi executado através da Lei Rouanet e patrocinado pela empresa Centrais Elétricas do Rio Jordão (Elejor).
Serviço
Lançamento da exposição Fragmentos de Xetá, de Silvio Rocha. Hoje, às 19h, no Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões (Rua João Gualberto, 530/570, Alto da Glória). A mostra permanece aberta ao público até 11 de março. A visitação ocorre de segunda à sexta-feira, entre 12h30 e 18h30. Mais informações pelo telefone (41) 3219-8056.
Fonte: http://www.parana-online.com.br
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