O drama dos uigures na China - Por Raul Juste Lores
Sem ter um embaixador pop como o Dalai Lama, a minoria muçulmana uigur na China vive um drama pouco conhecido no exterior.
No ano passado, um protesto de estudantes uigures por crimes não-esclarecidos contra conterrâneos no sul da China descambou para uma violência racial de uigures contra han e vice-versa que matou mais de 200 pessoas _ o que desmente o discurso oficial chinês de "harmonia étnica". De julho a dezembro, a província de Xinjiang, onde vivem os uigures, ficou sem acesso à internet "por razões de segurança".
Por seus estudos sobre o fracasso das políticas chinesas para as minorias étnicas do país, o professor de economia Ilham Tohti, 41, foi preso no ano passado por dois meses. Membro do Partido Comunista chinês e professor da estatal Universidade Central das Nacionalidades, ele diz não defender o separatismo, mas critica a discriminação sofrida pelas minorias "que preservaram sua identidade cultural" e diz que com o fim do comunismo, a ideologia dominante é o "nacionalismo da maioria han", o que deixa de fora uigures e tibetanos.
"A China precisa aprender a se orgulhar de ser um país multiétnico, e não de tentar a assimilação à força", diz Tohti.
Ele cita diversos exemplos. "Há 6600 taxistas em Urumqi, mas apenas 90 são de minorias étnicas. Enquanto em outras Províncias, o taxista precisa ser local, em Xinjiang pode ser de fora, o que facilita a migração de han para lá. A estatal China Unicom em Xinjiang tem 1200 funcionários, só 2 são uigures. No banco China Marchants, de 1300, só 12 são de minorias. Na estação de trem, poucos balconistas são uigures", critica.
Ele cita diversos exemplos. "Há 6600 taxistas em Urumqi, mas apenas 90 são de minorias étnicas. Enquanto em outras Províncias, o taxista precisa ser local, em Xinjiang pode ser de fora, o que facilita a migração de han para lá. A estatal China Unicom em Xinjiang tem 1200 funcionários, só 2 são uigures. No banco China Marchants, de 1300, só 12 são de minorias. Na estação de trem, poucos balconistas são uigures", critica.
O governo tem estimulado a migração interna de chineses han para Xinjiang. Na capital, Urumqi, onde abundam os empregos no funcionalismo público, 70% da população já é chinesa han (era menos de 10% nos anos 50).
"O modelo de vestibular chinês, o gaokao, é muito injusto com as minorias. A nota de corte é fácil para os han, mas é alta para os uigures que não dominam o mandarim", diz Tohti. "Nas universidades locais, em 1978, 78,9% dos alunos eram das minorias étnicas, hoje são 17,7%"
Fonte: http://raulnachina.folha.blog.uol.com.br
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