Para entender o século 21
Quarta edição do seminário Fronteiras do Pensamento será aberta em maio com conferência de Miguel Nicolelis.
Depois de um ano com o freio puxado devido à crise econômica, a edição 2010 do Fronteiras do Pensamento volta com uma síntese de seus quatro anos. Serão 10 datas: nem a abundância do primeiro ano nem o padrão enxuto de 2009. A organização anunciou ontem oito nomes já confirmados para a edição 2010. E o destaque do elenco vai para Mario Vargas Llosa, mestre da literatura latino-americana. Vargas Llosa não vinha a Porto Alegre desde os anos 1990, quando esteve na Capital para o Fórum da Liberdade. A organização tentava trazê-lo desde a primeira edição do Fronteiras. A negociação de sua conferência em 2010 (marcada, em princípio, para 4 de outubro) incluiu uma visita da organização do evento a Lima, no Peru, onde o escritor passa as férias de verão. O autor, que vem tendo sua obra reeditada na íntegra pelo selo Alfaguara da Objetiva, é um dos gigantes da literatura latino-americana que ganhou destaque mundial após o chamado “boom” da ficção do continente, nos anos 1970. Também chegou a ser candidato à presidência do Peru, e foi derrotado pelo hoje condenado à prisão Alberto Fujimori.
Essa atuação política do autor – que adota a ideologia do liberalismo clássico – combina com a linha temática que vai nortear esta edição do Fronteiras, de acordo com o consultor acadêmico do evento, Donaldo Schüler. A ideia é mudar o foco das discussões sobre globalização. Por mais restrições que tenhamos alimentado a respeito da globalização, ela é um fato, com o avanço das novas tecnologias e a livre circulação de capitais e de informações. O que se deve discutir, então, é que tipo de responsabilidades a globalização nos apresenta. Se o mundo é global, nossos problemas não devem mais ser apenas locais – definiu Schuler, durante a apresentação oficial do Fronteiras, ontem. Por isso, a edição deste ano traz nomes como o médico congolês Denis Mukwege ou o político Daniel Cohn-Bendit (veja ao lado), cuja atuação se dá em campos candentes como a ecologia ou a luta pelos direitos da mulher. Outros dois nomes devem ser anunciados para fechar a lista de 10 palestras, realizadas sempre às segundas-feiras, às 19h30min. O passaporte para todas as conferências custa R$ 675 e já está à venda (confira no alto da página). O Fronteiras é promovido pela Braskem com apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Prefeitura de Porto Alegre. Esta edição tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Refap e Grupo RBS.
A conferência de abertura do Fronteiras, no dia 3 de maio, ficará a cargo do cientista Miguel Nicolelis. Paulista de 49 anos, Nicolelis chefia um grupo de pesquisas em Neurociências na Universidade Duke, nos EUA. Nicolelis vem estudando técnicas para integrar o cérebro humano e os computadores para construção de próteses que obedeçam a comandos neurais.
Carlo Ginzburg não é um visitante de primeira viagem esteve em 2007 na Jornada de Passo Fundo. Aos 70 anos, professor da Universidade da Califórnia, é um dos mais respeitados historiadores a trabalharem a corrente conhecida como micro-história. Seu livro mais célebre publicado no Brasil é O Queijo e os Vermes, (1987). Sua conferência está marcada para 29 de novembro.
Filósofo e crítico inglês, Terry Eagleton é um dos nomes fundamentais da moderna teoria literária. De formação marxista, publicou, em 1983, Teoria Literária: Uma Introdução, obra na qual realiza um verdadeiro panorama histórico da arte de interpretar textos, do Romantismo à segunda metade do Século 20. É autor também dos ensaios: A Ideia de Cultura, Depois da Teoria e As Ilusões do Pós-modernismo. Deve falar no dia 9 de agosto. O campo de estudos de Daniel Dennett é o da filosofia cognitiva, que ele também chama de “filosofia da mente”. Mas este americano de 68 anos alinha-se com o inglês Richard Dawkins em outros dois pontos: ambos são defensores do evolucionismo de Darwin contra a corrente religiosa do “design inteligente” e ateus militantes. O livro mais conhecido de Dennett é A Ideia Perigosa de Darwin. Sua conferência está marcada para 8 de novembro.
Daniel Cohn-Bendit foi figura chave das manifestações de estudantes franceses em maio de 1968, época em que estudava Sociologia na Sorbonne e era conhecido como Dany le Rouge. Oriundo de uma família de judeus alemães, optou pela cidadania germânica na juventude. Aos 59 anos, é deputado europeu pelo Partido Verde alemão. Dia 23 de agosto. Médico ginecologista, o congolês Denis Mukwege, 45 anos, tornou-se conhecido por sua atuação no atendimento a mulheres que haviam sofrido violência sexual nas mãos das sanguinárias milícias durante os 12 anos de guerra civil no Congo. Mukwege atendeu mais de 21 mil mulheres e é especialista em tratar os danos provocados por estupros coletivos. Falará no dia 28 de junho.
Comentários