The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order

por Daniel Lopes – A polêmica teoria de Samuel P. Huntington (1927-2008) foi expressa primeiro em um artigo de 1993 na Foreign Affairs – em resposta à teoria do “fim da história” de Francis Fukuyama – e depois no livro The Clash of Civilizations and the Remaking of World Order, de 1996. A edição brasileira de 1997 virou agora volume de bolso, tornando a obra mais acessível.


 
Nela, o autor apresenta as civilizações hoje existentes (ocidental, ortodoxa, islâmica, latino-americana, japonesa…) e chega à conclusão de que a emergência da China (civilização sínica) e a explosão populacional dentro do Islã (com suas “fronteiras sangrentas”) apresentarão enormes desafios ao Ocidente no século 21 e farão com que esses blocos com ele colidam.
Huntington achou provável uma aliança sino-islâmica decorrente de interesses comuns que, seja no campo dos direitos humanos ou da proliferação de armas, não condizem com a tradição ou interesses geopolíticos da Europa, dos EUA e de seus satélites. Como se os fatores mundanos não bastassem, Huntington lembrou de outro ponto a tornar o choque Ocidente-Islã uma questão de tempo: ambos são baseados em monoteísmos com pretensões hegemônicas (ao contrário do judaísmo).

O autor

Aos olhos de muitos, os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 validaram a teoria de Huntington. Mas é claro que as críticas, igualmente, sempre foram muitas, variadas e rigorosas. Podemos ficar no exemplo de Paul Berman, liberal estadunidense, autor de Terror e Liberalismo, que li dia desses. Ele mesmo um entusiasta da guerra ao terror e em constante alerta contra o islamismo, Berman ainda assim critica a rigidez e o engessamento intelectual que decorrem da divisão civilização islâmica/civilização ocidental. Ele nota a ironia no fato de Huntington e outros pró-Ocidente acabarem validando os teóricos islâmicos que também advogam o “choque” com uma civilização de valores (democracia, liberalismo) que não lhes interessam e supostamente não lhes seriam compatíveis.
Para Berman isso é uma falácia que a história recente já presenciou inúmeras vezes: tiranos africanos e multiculturalistas ocidentais com peso na consciência afirmando que aquela “cultura” não teria como assimilar valores como democracia, ou comunistas da Europa Oriental, da Rússia e seus amigos do mundo livre afirmando que a democracia liberal (“democracia burguesa”, por oposição às “democracias populares”) nunca se manteria de pé em países com tradição personalista e autoritária. Berman acredita que valores como liberdade de imprensa e respeito a minorias não têm por que ser (e não são) exclusividades do Ocidente, e podem sim florescer pelo mundo islâmico, desde que os ocidentais reconheçam a enorme ameaça representada pelos fundamentalistas e não titubeiem na luta para derrotá-los. Se sua receita para isso é a mais correta e eficiente (ele apoiou a guerra do Iraque), é um outro assunto. De qualquer forma, fica a dica de uma crítica a Samuel Huntington por alguém que definitivamente não é da esquerda leniente com o islamismo.

fonte http://www.amalgama.blog.br

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