Partido lança campanha xenófoba na internet e provoca polêmica na Suíça - Por Thaís Romanelli

O partido nacionalista suíço SVP (Partido do Povo da Suíça) causou polêmica ao produzir uma campanha antiimigração que alerta os suíços de como será o país daqui há alguns anos caso a entrada de imigrantes seja facilitada.


Em um cartaz, que foi divulgado pela internet, o partido compara duas fotografias: uma que mostra quatro modelos nuas de costas prestes a mergulhar no lago Zurique e outra na qual um grupo de mulheres imigrantes, que utilizam véus muçulmanos, se banham de roupa possivelmente no mesmo lago. Abaixo das fotos um texto indica que a primeira delas foi tirada em 2010 e a segunda seria uma viagem ao tempo até o ano de 2030, quando a Suíça estaria tomada por imigrantes.

 
A campanha foi produzida em razão do referendo que acontecerá no país na próxima semana e visa decidir se os estrangeiros que tenham sido considerados culpados de assassinato, estupro, tráfico de drogas e outros delitos graves devem ser deportados ou não. A iniciativa foi proposta pelo SVP que garante que os estrangeiros representam mais de um quinto da população suíça, que atualmente chega aos 7,7 milhões de pessoas.

 
De acordo com o jornal The Daily Telegraph, pesquisas recentes mostram que 54% dos eleitores suíços votaria a favor da medida, enquanto 43% são contra. Porém, mesmo com maioria a favor da deportação dos estrangeiros que forem condenados a campanha xenófoba desagradou os suíços.

 
Discórdia
Além de ter sido criticada como "preconceituosa" e "machista", a campanha tem uma foto - a que mostra as modelos nuas - utilizada sem autorização do autor, o fotógrafo erótico Petter Hegre, que nao consentiu com a campanha.

 
Esta nao é a primeira vez que o SVP causa discórdia com suas campanhas publicitárias. Em 2007, o partido produziu um cartaz em que um grupo de ovelhas brancas chutava uma ovelha negra para fora da bandeira da Suíça.

 
O SVP é o partido que tem maior bancada entre os suíços no Parlamento Europeu e é uma das maiores forças políticas do país. Com cerca de 90 mil membros, obteve o voto de 29% dos eleitores em 2007, última eleição parlamentar do país. Desde sua fundação apoia medidas contra a imigração, já tendo votado contra medidas como a legalização da imigração em dezembro de 1996, a regularização da imigração, em setembro de 2000, a concessão de nacionalidade suíça a estrangeiros de terceira geração e a naturalização de jovens estrangeiros de segunda geração, ambos em setembro de 2004.

 
Em 2007, provocou indignação internacional ao propor a proibição da construção de minaretes (torres de mesquitas), chegando a ser alertado pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que proíbe a discriminação com base na raça, cor, religião ou nacionalidade.




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