Amitav Gosh escritor está no Rio para a 15ª edição da Bienal do Livro - Por Carla Meneghini

 
Um dos escritores indianos mais premiados e vendidos da atualidade, Amitav Gosh está no Brasil como convidado da 15ª Bienal do Livro/RJ, que acontece até 11 de sembro no Riocentro. Ele participa de debate às 17h deste sábado (03/09) com outro indiano, Abraham Verghese.

Em entrevista ao G1, Gosh fala sobre seu novo romance, “Mar de papoulas”, e conta como se tornou um best-seller em um país como a Índia, onde um terço da população é analfabeta.

Na Índia, Gosh já vendeu mais de 5 milhões de exemplares, mesmo escrevendo sobre temas que nada têm a ver com a cultura popular local. “Bollywood, cricket e gangsters são ícones da Índia contemporânea, mas não me interessam de forma alguma. Felizmente, a Índia é um lugar onde mundos completamente diferentes podem existir um ao lado do outro”, afirma o autor.

Seu novo livro é um épico ambientado no século 19, em que Gosh narra a jornada dos tripulantes de um navio ingles usado no comércio de ópio com a China. Na embarcação, convivem marinheiros de diversas origens e raças, cada um com sua história pessoal retratada em detalhes.

“Tendemos a lançar um olhar único para a história. O passado não pode ser simplificado, cada pessoa vê um mesmo acontecimento de uma forma”, diz o escritor. “Em ‘Mar de papoulas’, muitas histórias se desenvolvem simultaneamente, de forma que é impossível ter uma visão de uma coisa só”, conta o autor sobre o romance, finalist do Man Booker Prize, um dos mais importantes da literatura de língua inglesa.
Colonialismo na atualidade

Na obra de Amitav Gosh, que já acumula sete romances, o colonialismo é uma questão central, comum a todos seus livros. “O colonialismo de hoje em dia deriva do passado: ele quer nos forçar a ter uma determinada visão de nossa história, para que possa se reproduzir. A função da literatura é mostrar outras perspectivas, para que o colonialismo do passado não se repita.”

Gosh hoje mora em Nova York com sua família, mas diz que a Índia continua sendo sua casa. “Sinto que nunca realmente deixei a Índia, pois meu trabalho tem raízes na experiência histórica Indiana”, diz o escritor. “Não sou um escritor indiano trabalhando nos EUA, sou apenas um escritor indiano, no sentido geral”, completa.

Fonte:http://g1.globo.com

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