Três mulheres são as ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz



Ellen Sjohnson-Sirleaf (Libéria)
- Presidente da Libéria
primeira mulher eleita democraticamente na África e colocou um fim ao conflito armado no país Josh Reynolds/AP
Três mulheres foram anunciadas pelo Comitê Nobel da Noruega nesta sexta-feira (7) como ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz: a presidente da Libéria, Ellen Sjohnson-Sirleaf, a militante pela paz também liberiana Leymah Gbowee e a ativista iemenita da Primavera Árabe, Tawakkul Karman.

As três foram "recompensadas por sua luta pacífica pela segurança das mulheres e de seus direitos de participar nos processos de paz", declarou, em Oslo, o presidente do comitê Nobel norueguês, Thorbjoern Jagland.

Johnson-Sirleaf, de 72 anos, era uma forte candidata ao prêmio por ser a primeira mulher africana eleita presidente democraticamente, por ter colocado um fim ao conflito armado na Libéria e contribuído à queda do presidente anterior, Charles Taylor, julgado por crimes contra a humanidade por um tribunal internacional.

Para se eleger a primeira presidente da Libéria, Johnson-Sirleaf contou com a ajuda da ativista africana Leymah Gbowee, que ajudou a organizar o movimento de paz que colocou fim à Segunda Guerra Civil da Libéria, em 2003, e conduziu à eleição da também ganhadora do Nobel. Formou-se em terapia e trabalhou com os meninos soldados de Taylor após o fim do conflito.

Tawakkul Karman, 32, é uma opositora do regime do presidente do Iêmen, Abdullah Saleh, e chegou a ser ameaçada de morte ao recusar um cargo no governo do país. Ele lidera principalmente um movimento de resistência da juventude iemenita, embora também tenha ligações com partidos políticos do país, no caso o Islah.

"Estou muito feliz com este prêmio. O dedico à juventude que está fazendo a revolução no Iêmen e à população iemenita", disse ela à Associated Press ao comentar o prêmio.

Ellen Sjohnson-Sirleaf, presidente da Libéria


Nascida na capital Monróvia em 1938, Johnson-Sirleaf chegou ao poder nas eleições de novembro de 2005, ao vencer seu principal oponente, o ex-jogador de futebol George Weah.

A Libéria é um país de quatro milhões de habitantes traumatizados por guerras civis que, de 1989 a 2003, deixaram 250.000 mortos, destruindo suas infraestruuras e sua economia. Desde sua posse, em 2006, ela iniciou um ativo trabalho antes as instituições financeiras internacionais, que a conhecem muito bem: economista formada em Harvard, esta mãe de quatro filho e avó de oito netos trabalhou na ONU e no Banco Mundial.

Ministra das Finanças dos presidentes William Tubman e William Tolbert nos anos 1960 e 1980, seu objetivo foi anular a dívida e atrair os investidores para a reconstrução de seu país, o que conseguiu em parte.

A luta contra a corrupção e por profundas reformas institucionais na mais antiga república da África ao sul do Saara, fundada em 1822 por escravos negros liberados e chegados dos Estados Unidos, sempre esteve no centro de sua ação política e lhe valeu o apelido de "Dama de Ferro" da África, também a levou para a prisão em duas oportunidades nos anos 1980 sob o regime de Samuel Doe.

Mas, em seu país, é criticada por não ter cumprido com suas promessas em termos econômicos e sociais e, principalmente, por não ter se envolvido o suficiente a favor da reconciliação nacional.

Até agora, a presidente ignorou um relatório da Comissão Verdade e Reconciliação, que data de 2009 e que a cita como uma das pessoas que não poderiam ocupar cargos oficiais durante 30 anos por ter apoiado o ex-caudilho Charles Taylor, presidente de 1997 a 2003.

Elle Johnson Sirleaf reconheceu ter apoiado no início a rebelião de Taylor contra o regime de Samuel Doe em 1989, que mergulhou a Libéria em sua primeira guerra civil, para converter-se em seguida, diante dos crimes de Taylor, em uma de suas maiores adversárias.

Um pouco antes da publicação deste documento, ela anunciou que se candidataria a um segundo mandato, quando antes havia desmentido. Para justificar esta mudança, afirmou que desejava continuar com sua ação de reconstrução, pois seu país "tem ainda um longo caminho a percorrer".

  • AP As ativistas Tawakkul Karman, do Iêmen, e Leymah Gbowee, da Libéria, vencedoras do Nobel da Paz

Leymah Gbowee

A também liberiana Leymah Gbowee é o rosto mais conhecido do seu país no que tange aos esforços de paz. Trabalhou com mulheres e crianças que trabalharam como soldados para Charles Taylor. Foi quando ela percebeu que "qualquer mudança dentro da sociedade (liberiana) teria de partir das mães".

Gbowee já recebeu diversos prêmios por seus trabalhos humanitários, sobretudo em relação aos direitos das mulheres, e desde 2006 ocupa o cargo de diretora-executiva da Rede Paz e Segurança – África, organização que trabalha com mulheres na Libéria, Costa do Marfim, Nigéria e Serra Leoa para gerar transformações positivas através do ativismo pela paz, educação e política eleitoral.

Tawakkul Karman


A jornalista e ativista do Iêmen Tawakkul Karman se divide entre a atuação no partido de oposição , Islah, e a direção da organização Women Journalists Without Chain ("Mulheres Jornalistas sem Correntes"), fundada por ela em 2005. Mãe de três filhos, é uma das ativistas mais atuantes na busca de mais espaço e poder para as mulheres e mais atenção aos direitos humanos.

No início deste ano, ela já havia sido premiada com o Internacional Women of Courage Award (Prêmio Internacional Mulheres de Coragem). Na cerimônia realizada nos EUA, recebeu elogios da primeira dama americana, Michele Obama, e da secretária de Estado, Hillary Clinton, por sua luta pelos direitos das mulheres.

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