Museu do Holocausto no Brasil


a capital paranaense ganhou um Museu do Holocausto, o primeiro do Brasil dedicado ao tema. 

Esta instalado no Centro Israelita do Paraná, onde também foi inaugurada, em setembro, uma nova sinagoga. O espaço de pouco mais de trezentos metros quadrados passa longe dos gigantes no exterior, mas cumpre bem o papel de prestar homenagem aos judeus perseguidos durante a Segunda Guerra Mundial. 

“Grande parte da comunidade de Curitiba é formada por sobreviventes e descendentes. Conseguimos doações com eles e também entramos em contato com o Memorial de Auschwitz, na Polônia, e com museus pelo mundo”, conta a cientista política Denise Hasbani, que é professora de História Judaica e participou da criação do Museu do Holocausto. 

Entre as doações estão fotos, uma carta enviada do Gueto de Varsóvia e dois objetos usados para identificar os judeus no período: uma estrela de tecido amarelo, que deveria ser pregada na roupa, e um passaporte carimbado com a letra “j”. Há também um jogo criado para ensinar às crianças do gueto de Terezín, na antiga Tchecoslováquia, como seriam suas vidas lá dentro sem os pais por perto.


Noite dos Cristais


Fora isso, um painel especial lembrará a Noite dos Cristais, em 1938, quando várias sinagogas e vitrines de lojas foram atacadas por nazistas, e judeus foram mortos ou enviados para campos de concentração. Junto ao painel haverá a reprodução de uma foto e fragmentos de um exemplar do livro sagrado do judaísmo, a Torá, queimado na fatídica noite.

A Associação Casa de Cultura Beit Yaacov está à frente do projeto, e não esqueceu de mencionar alguns não judeus que tiveram papel importante durante o Holocausto: os chamados “justos entre as nações”. 

“Dois exemplos são Araci Guimarães Rosa, que trabalhava na embaixada do Brasil na Alemanha, e o diplomata Luiz Dantas, na França. Ambos deram vistos para judeus fugirem para o Brasil, sem marcar os passaportes”, conta Denise.

Outros não judeus também foram muito marcados pelo Holocausto, mas raramente são lembrados. É o caso de homossexuais, comunistas, negros, ciganos e seguidores das Testemunhas de Jeová.

“Deveria haver uma junção das memórias dos assassinados na guerra. Quase nenhum museu fala nisso; eles têm, no máximo, uma pequena nota sobre o assunto. Você não vê as estrelas de tecido de outras cores, por exemplo. Os homossexuais tinham que pregar na roupa uma estrela cor-de-rosa, os comunistas, vermelha”, afirma Karl Schurster, pesquisador do Laboratório de Estudos do Tempo Presente da UFRJ.

Ainda que não mencione as outras vítimas do Holocausto, o museu promete lembrar os genocídios do século XX, que no total somaram cerca de 80 milhões de mortos. O espaço pequeno limita o aprofundamento nessa história, mas dá um primeiro passo para que sejam criados outros museus sobre o tema.

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