Viúva de Carlos Prestes doa acervo pessoal ao Arquivo Nacional - Por Marco Antnio Martins


Maria Prestes, viúva do líder comunista Luiz Carlos Prestes, doa hoje ao Arquivo Nacional, no Rio, o acervo pessoal do "cavaleiro da esperança".


São dez álbuns de fotografias e 27 pastas de cartas, telegramas e documentos, incluindo correspondências trocadas com lideranças comunistas de diferentes países e com os filhos. A doação acontece no dia em que ele nasceu, há 114 anos, em Porto Alegre.


"É parte da minha vida. Da nossa vida. Prestes não era só político, era um ser humano. Um pai exemplar, que discutia, dialogava com os filhos. Imagino que seja importante para as pessoas conhecerem esse outro lado do homem que se questionava por que as pessoas não liam", conta Maria.

Ela teve sete filhos com Prestes, além de dois de um casamento anterior que foram criados como filho por ele, pai também de Anita Leocádia, sua filha com a dirigente comunista alemã Olga Benário.

Maria Prestes, 81, começou a cuidar do arquivo durante os 40 anos de convivência com o "Velho", como era chamado pelos companheiros do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e por ela, em casa.

As fotos doadas incluem imagens do bebê Prestes, em 1898, junto com os pais, do exílio em Moscou, da filiação do pintor Cândido Portinari ao PCB e de uma visita com o ex-presidente Lula a Cuba.

Há também fotos do dia a dia com a família, incluindo uma do líder comunista descansando, de sunga, na praia de Futuro, no Ceará.

A foto foi feita em 1989, logo após a primeira eleição presidencial direta depois da ditadura e meses antes de Prestes morrer, em março de 1990.

"Ele já estava muito debilitado. Íamos para a praia pela manhã. Depois, ele voltava para casa e sempre tinha alguém querendo conversar com o Velho", recorda-se.

A divulgação da imagem desagradou Anita. Em e-mail enviado ao jornal "O Globo", a filha mais velha de Prestes disse que isso "constitui um desrespeito à sua memória e à sua vontade, pois todos que com ele conviveram sabem que Prestes jamais concordaria com tal divulgação".

Maria discorda: "É um prazer dar continuidade à memória dele, que não se limitava à política. Era uma pessoa que sentava para conversar, orientar os filhos à mesa do café".

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