ONU: 1 milhão de sírios precisam de ajuda humanitária
A missão de avaliação humanitária realizada na Síria por equipes técnicas da ONU e da Organização da Cooperação Islâmica (OCI) concluiu que ao menos 1 milhão de sírios precisam atualmente de ajuda humanitária.
Entre
os 1 milhão de sírios há "pessoas
afetadas diretamente pela violência, os feridos, aqueles que tiveram de deixar
suas famílias e os que perderam o acesso aos serviços essenciais, assim como as
famílias que os acolhem agora", indicou
o porta-voz da ONU,
Eduardo del Buey.
O
balanço é divulgado no mesmo dia em que líderes árabes se reúnem em
uma histórica cúpula da Liga
Árabe em Bagdá, palco de três explosões nesta
quinta-feira. A reunião do grupo, a primeira no Iraque em mais de duas décadas, discutirá
principalmente a crise na Síria.
Recentemente,
a ONU afirmou que mais de 9 mil pessoas
morreram desde o início dos conflitos, que deixou também 200 mil
deslocados e 30 mil refugiados no exterior.
Na
reunião, o premiê do Catar disse que a Liga Árabe se veria diante de uma “desgraça” se os “sacrifícios do povo sírio forem
desperdiçados”. “Temos uma
escolha difícil pela frente: ou ficamos ao lado da população, ou ao lado dele
(presidente sírio, Bashar al-Assad)”, disse. “Não
podemos esperar que os sírios fiquem de braços cruzados enquanto o regime
continua matando.”
O Catar e a Árabia Saudita são os principais defensores de
uma ação mais assertiva da Liga Árabe para colocar fim ao conflito sírio. Em
reuniões fechadas, representantes dos dois países dizem ver pouco resultado nos
esforços diplomáticos do grupo. Entre as novas ações estudadas estão fornecer
armamentos para rebeldes sírios e oferecer proteção à oposição na região da
fronteira da Síria com a Turquia, que seria uma espécie de campo de
refugiados.
Também
nesta quinta-feira, o presidente sírio, Bashar al-Assad, confirmou ter aceito
o plano do mediador internacional Kofi Annan e revelou, mas
fez observações sobre sua aplicação diante do temor de que "grupos armados" se aproveitem dessa situação.
"Síria,
dentro de sua estratégia para colocar fim à crise, aceitou a missão encomendada
por Kofi Annan e confirma que não poupará esforços para que essa missão alcance
êxito", disse Assad em mensagem
enviada aos líderes dos Brics reunidos em Nova Délhi.
Em
carta divulgada pela agência oficial síria Sana, o líder diz ter feito "consultas globais sobre
os detalhes que se referem à aplicação do plano para que os grupos armados não
se aproveitem da atmosfera que será gerada quando o governo cumprir com seu
compromisso".
O
presidente sírio ressaltou que "em
troca do compromisso oficial da Síria é necessário que o país alcance o
compromisso dos outros setores com o fim dos atos terroristas" e pediu que
"países que financiam e armam" esses
grupos cessem com tais práticas.
O
chefe de Estado sírio se referiu "aos países que anunciaram que financiam
e armam os grupos terroristas na Síria", em alusão às declarações de
dirigentes catarianos e sauditas que estariam dispostos a armar a oposição.
Em
sua mensagem ainda, agradeceu as posições dos Brics, que "fortalecem o princípio de
respeito à soberania e independência dos países", depois que Rússia e China vetaram duas resoluções do Conselho de Segurança da ONU contra Damasco.
Confronto
Nesta
quinta-feira, ao menos 43 pessoas morreram na Síria, sendo a maior parte na
periferia de Damasco e em Homs. Segundo um
comunicado do grupo opositor Comitês
de Coordenação Local (CCL), dez
pessoas morreram nas cidades de Duma e Harasta, nos arredores da
capital, dez em Homs, dez em Idlib, cinco em Deraa, três em Hama, três em Deir ez-Zor e duas em Aleppo.
Enquanto isso, em Al-Tall,
também nas imediações da capital, os soldados do regime abriram fogo contra os
manifestantes opositores e bloquearam os acessos a um hospital.
Houve choques também em Hama, que causaram a morte de
um capitão e um oficial das Forças Aéreas.
Comentários