Maior parte dos parlamentares do Amazonas é católica - Por Daniel Jordano


A maioria dos parlamentares do Amazonas, na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Assembleia Legislativa do Estado (ALE), Câmara Federal e Senado, denominam-se católicos.
É o que mostra um levantamento feito pelo Portal D24AM, que ouviu 54 dos 73 eleitos para as quatro Casas legislativas. Do total de entrevistados, 36 se declararam católicos, o equivalente a 66,7%.
Em seguida, aparece a bancada evangélica que possui 13 parlamentares, representando 24,1% dos entrevistados. Espíritas, judeus, sem religião e os que se consideram apenas como cristãos representam 9,2%. 

A maior diversidade religiosa pode ser notada na CMM. Dos 38 vereadores, 26 foram ouvidos, sendo 14 católicos e sete evangélicos. Na Casa também há um espírita, o vereador Wilton Lira (PDT); um judeu, o presidente Isaac Tayah (PSD); dois que se consideram cristãos - Hissa Abrahão (PPS) e Fabrício Lima (PRTB) - e a vereadora Lúcia Antony (PCdoB), que afirmou “não professar nenhuma religião no momento”.

Na ALE, dos 20 deputados consultados, 16 são católicos e quatro evangélicos. Na bancada federal, dos seis deputados ouvidos, o ‘placar’ entre católicos e evangélicos é de quatro a dois para o catolicismo. No Senado, as assessorias de Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Alfredo Nascimento (PR) informaram que os parlamentares são católicos. O Portal D24AM tentou contato com o senador Eduardo Braga, mas não obteve sucesso.


Religião e parlamento

Muitos parlamentares são eleitos com base na representatividade de classes religiosas, como está ocorrendo com a bancada evangélica. No Congresso Nacional, por exemplo, a ala dos bispos, pastores e membros de igrejas protestantes cresceu 50% nas eleições de 2010, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo.

A bancada evangélica é organizada e costuma se articular para barrar a aprovação de matérias que contrariem suas doutrinas. Questões polêmicas, como o aborto - inclusive de crianças com anencefalia, matéria votada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - e união homoafetiva são combatidas pela bancada. 

Apesar das questões polêmicas, todos os parlamentares evangélicos ouvidos afirmaram que é possível conciliar religião com a atividade parlamentar. Para o vereador Roberto Sabino (PRTB), que pertence à Igreja Assembleia de Deus no Amazonas (Ieadam), o parlamento é um “espelho” da sociedade, mas dá para “não misturar as coisas”.  

Segundo Roberto Sabino, a igreja apenas indica nomes. “A igreja pode indicar, mas não significa que o fiel esteja obrigado a votar em A ou B. Existe a indicação, assim como ocorre com os partidos. Além disso, é proibido pela lei fazer campanha dentro de templos”, disse.

Estado laico
A tese de Estado laico (sem vínculos com religiões) gera polêmica entre os parlamentares. O deputado José Ricardo (PT), que é católico, afirmou que o Estado não é laico, pois, segundo ele, as pessoas não são. “Todos acreditam em alguma coisa, com a exceção dos que dizem não acreditar em Deus. O Estado, que é composto de pessoas, é religioso por natureza. Mas o bom é que, de modo geral, as igrejas chamam a atenção de que além de fiéis as pessoas são cidadãs. É estímulo para promover o bem comum”.
Ao ser questionado sobre a cruz presente no plenário da ALE, o petista se mostrou contrário à retirada do objeto, mas propôs que outros símbolos religiosos sejam colocados no espaço.
O sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Luiz Antônio do Nascimento, discorda da tese  do Estado ‘não laico’. De acordo com ele, é bom que o político tenha religião, mas, quando eleito, ele representa toda a sociedade e não apenas o seu segmento. 
“Quando eles (parlamentares) negam o caráter laico da sociedade em nome de uma pseudodemocracia, esquecem que existem pessoas que não querem misturar religião e sociedade. As igrejas fazem parte da sociedade, mas não são toda a sociedade. Eu queria ver a tolerância deles se tivesse uma bancada umbandista, por exemplo”, disse.

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