Sociólogo da Medicina/Unesp lança livro sobre a espiritualidade na área da saúde - Por Leandro Roch





Um tema que ainda é considerado tabu entre os profissionais de saúde motivou uma extensa pesquisa etnográfica e resultou na publicação de um livro de autoria do professor e sociólogo Rodolfo Puttini, do Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). 


A obra:


 “Medicina e Espiritualidade no Campo da Saúde”


será lançado dia 23 de maio, às 16 horas, na Biblioteca do Câmpus e na Livraria Martins Fontes, em São Paulo, dia 18 de maio.


A pesquisa foi conduzida para elaboração da tese de doutorado de Puttini na área de Saúde Coletiva. “Propus descrever as práticas espirituais e médicas em um hospital administrado por religiosos do espiritismo. Mas, justamente por essa questão ser tabu, necessitei aprofundar previamente estudos que envolviam o problema das terapias espirituais nas Ciências Sociais brasileiras e nas Ciências Médicas, imbricadas ao campo da saúde”, comenta o autor.


Na primeira parte do livro, que recebeu auxílio da Fapesp e foi editado pela Editora Annablume, o tema central é aprofundado destacando-se a questão da cura espiritual primeiramente nas Ciências Sociais brasileiras. De acordo com Puttini, esse estudo permitiu abordar, no campo simbólico, as curandeirices em geral, o curandeirismo no campo jurídico, a controvérsia do estado de transe na medicina e na sociologia, a doença mental como objeto da cultura, as religiões mediúnicas como objeto da sociologia e antropologia.


Nessa parte, o livro também relata sobre o surgimento dos hospitais psiquiátricos espíritas no Brasil, relacionado-os à questão da espiritualidade e com o surgimento da Psiquiatria no campo científico, associada à questão da legitimidade das práticas médicas alternativas e integrativas, atualmente reconhecidas e exercidas no SUS (Sistema Único de Saúde).


“Na Parte 2 do livro faço esforço para entender a cosmovisão espírita, ou seja, busco o sentido do processo de saúde e doença na crença espírita, que resultou no Brasil com a importante proposta da medicina espírita, atualmente organizada por uma corporação médico-espírita” adianta o professor.


Já na Parte 3 é apresentado o trabalho de campo, momento de verificação da hipótese inicial do autor. “Seguindo os múltiplos sentidos, para os profissionais de saúde, sobre um caso de cura espiritual - anunciado pelos religiosos espíritas como um caso índice -, acompanhei a proposta dos dirigentes da instituição de criação de um espaço terapêutico híbrido dentro do hospital (denominado Departamento de Assistência Espiritual)”, continua.




Puttini conclui propondo a estruturação de uma linha de pesquisa em Ciências Sociais em Saúde, ainda timidamente valorizada no Brasil: uma proposta inovadora e promissora perspectiva de investigação antropológica sobre as instituições híbridas na interface entre os campos religioso e médico, partindo destas distinções conceituais metodológicas importantes: religiosidade, espiritualidade e assistência espiritual. 

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