Biblioteca Octávio Ianni amplia acervo com apoio da FAPESP



A Biblioteca Octávio Ianni, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), concluiu a aquisição de cerca de 25 mil títulos, garimpados em 29 países, reforçando o acervo que está entre os mais importantes da América Latina na área de ciências humanas.

A aquisição foi possível graças a apoio da FAPESP por meio da sexta chamada do Programa FAP-Livros. O programa tem o objetivo de apoiar a aquisição de livros, e-books e publicações em outras mídias, destinados à pesquisa científica e tecnológica.

A sexta chamada do FAP-Livros viabilizou a aquisição de cerca de 165 mil títulos para as bibliotecas de 175 instituições de pesquisa no Estado de São Paulo. As propostas aprovadas de unidades da Unicamp somaram 75 mil volumes solicitados, com um total de R$ 9,2 milhões concedidos pela FAPESP. A proposta de ampliação do acervo da Biblioteca Octávio Ianni, um dos maiores na história da unidade, recebeu cerca de US$ 1,5 milhão.

Procuramos enfatizar as fontes referentes ao Brasil – mas não exclusivamente –, de acordo com áreas que achamos necessário reforçar, especialmente sobre a África, ale de Ásia e países da América Latina, como México e Argentina. Houve uma compra grande de títulos de história da arte, estudos medievais, filosofia moderna e antropologia. No geral, tentamos cobrir todas as áreas em pesquisa e docência do IFCH”, disse o professor Michael McDonald Hall, coordenador do projeto de aquisição, ao portal da Unicamp.

O destaque da aquisição é a coleção Brazil’s Popular Groups, composta por 332 rolos de microfilmes cobrindo o período de 1966 a 2009. Inédita no Brasil e na América Latina, a coleção foi idealizada pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos com o objetivo de documentar os movimentos populares que surgiram durante a ditadura militar brasileira e com o advento da Nova República em 1985.

São boletins, jornais, relatórios, folhetos, cartazes, resoluções de congressos, manuais educativos e catálogos de publicações, em que todos os estados brasileiros estão representados.

O Arquivo Edgard Leuenroth [AEL, também do IFCH] já deve ter parte desse material, mas é muito complicado localizar determinado boletim ou jornal em meio a 300 rolos de microfilmes. O interessante é que tudo foi filmado e catalogado pela Biblioteca do Congresso, havendo então um índice para que o pesquisador encontre rapidamente o que precisa”, disse Hall.

Foram importadas também outras 12 coleções raras e especiais dos Estados Unidos e da Europa, antes disponíveis somente em bibliotecas e arquivos do exterior e que agora podem ser consultados no IFCH.

Entre outras raridades estão relatórios diplomáticos, despachos e telegramas do governo britânico abordando as relações com países da América Latina, incluindo o Brasil, no período de 1845 a 1956. Uma coleção de panfletos de Robert J. Alexander, do início dos anos 1940 até os anos 1980, traz 664 itens referentes ao Brasil, tratando de sindicatos, partidos políticos, direitos humanos e outros assuntos.

Em 642 microfichas estão 233 títulos raros dos séculos 16 ao 18, publicados principalmente em Amsterdã por sefarditas (descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha) refugiados da Inquisição. Mais 2.606 microfichas, sobre filosofia e artes liberais no início do período moderno, incluem obras de metafísica, matemática, ética, política, lógica e retórica, entre outros assuntos.

Da Itália vieram arquivos do Instituto Feltrinelli em 20 rolos de microfilme, além de periódicos importantes do socialismo italiano e internacional.

Segundo Regiane Alcântara Eliel, diretora da Biblioteca do IFCH, a aquisição dos títulos permitida pela sexta chamada do FAP-Livros representa um aumento de mais de 20% no acervo da biblioteca.

É um enorme reforço. E podemos dizer que 99% das obras são em língua estrangeira, até porque esse projeto é uma oportunidade de atualizar a biblioteca em termos de publicações internacionais – temos como adquirir títulos nacionais através de outras fontes. O francês vem logo depois do inglês, sendo que houve uma compra grande em alemão, no caso de livros de filosofia e história da arte”, disse.

Eliel conta que o projeto exigiu mais de 24 meses de trabalho, incluindo a preparação do projeto e a sua execução. A grande maioria dos títulos adquiridos já está disponibilizada. Uma equipe de sete bibliotecários finaliza a catalogação.

O enorme volume de títulos em papel obrigou à improvisação de uma área anexa para abrigá-los, mas apenas até a inauguração do novo e moderno prédio da Biblioteca do IFCH, com três amplos pavimentos, previsto para ser entregue em setembro.

Mais informações: www.ifch.unicamp.br/biblioteca.



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