Impacto da educação inclusiva na pré-escola é avaliado em pesquisa - Por Karina Toledo
Vivenciar a experiência
da educação inclusiva na pré-escola pode promover a abertura em relação ao
diferente e evitar o preconceito de forma duradoura, aponta uma pesquisa feita
no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
A pesquisa qualitativa
foi feita com seis alunos com idades entre 7 e 16 anos egressos de uma creche
pública com características inclusivas e ambiente diversificado. Além de
crianças com deficiência, a instituição situada na cidade de São Paulo atende
alunos de diferentes classes sociais e etnias.
“A ideia era entrevistar
esses alunos, agora no ensino fundamental e em escolas diferentes, para avaliar
se a experiência da educação inclusiva pré-escolar teve impacto em suas
atitudes e valores”, contou Marie Claire Sekkel, coordenadora da pesquisa que teve apoio da
FAPESP.
Segundo Sekkel, a
investigação teve como base diversas teorias da psicologia que apontam as
experiências vividas na infância como fundamentais para definir as
características mais marcantes do caráter de uma pessoa.
“Todos os entrevistados
demonstraram uma abertura para se relacionar com pessoas significativamente
diferentes em suas novas escolas. Nesse conceito estão incluídas não apenas
deficiências físicas e intelectuais, mas também orientação sexual, religião,
etnia, classe social e demais questões que caracterizam o diferente”, disse.
Também foi possível
observar pelas entrevistas que os estudantes percebem claramente as situações
que fogem da norma, mas não as veem como algo negativo. “Eles não têm a ideia
preconcebida de que uma pessoa com deficiência, por exemplo, é triste ou
insatisfeita. Percebemos nos relatos uma relação de respeito”, contou Sekkel.
Os entrevistados também
demonstraram agir de forma diferenciada no ambiente escolar. “Enquanto a
maioria das pessoas se cala diante de uma cena de discriminação ou agressão,
eles se preocupam e alguns interferem na tentativa de ajudar. Isso mostra que a
formação foi capaz de criar uma consciência suficientemente forte para
desencadear também ações e compromissos”, disse.
Essa abertura para com o
diferente, de acordo com a pesquisadora, manteve-se independentemente dos
valores familiares. “Há algo comum na educação dessas crianças para o qual a
escola exerce forte determinação. Isso mostra o potencial das instituições de
educação na formação desses alunos”, disse.
Sekkel pretende agora
investigar também o impacto dessa experiência pré-escolar inclusiva nos pais
dos alunos. “A fase pré-escolar é quando os pais estão mais próximos da criança
e da escola. Então tudo o que acontece com os alunos acaba influenciando a vida
familiar”, disse.
Fonte: http://agencia.fapesp.br
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