Fé e Cultura parar levar mais turistas ao Alentejo
Diretor executivo do Festival
Terras Sem Sombra pretende valorizar Caminho de Santiago e destacar herança
cristã, judaica e árabe
O diretor executivo do festival
de música sacra Terras Sem Sombra quer que o evento leve mais turistas ao
Alentejo, amplie o conhecimento sobre o Judaísmo e o Islão e promova o caminho
para Santiago de Compostela.
A iniciativa organizada pela
Igreja Católica através do Departamento do Património Histórico e Artístico da
Diocese de Beja (DPHA) “pretende ser uma alavanca para o desenvolvimento da
região, tornando o Alentejo e o país mais conhecidos”, afirmou José António
Falcão no programa ECCLESIA da RTP-2.
O festival, que se realiza entre
março e julho, o “período mais propício para se conhecer o Alentejo”, ambiciona
dinamizar a economia local e dar a conhecer os monumentos cristãos que têm sido
cuidados com “carinho e paixão”, disse o responsável em entrevista transmitida
esta segunda-feira.
“O desafio que fazemos sempre a
quem atravessa o Alentejo é que ganhe algumas horas, ou mesmo um ou dois dias,
adentrando-se por estradas secundárias, e venha conhecer este património que
está nas cidades e vilas, mas também disperso pela periferia rural”,
acrescentou.
Além de valorizar a “autoestima”
das populações, o Terras Sem Sombra aposta na “descentralização
cultural” e na sensibilização “para a conservação dos valores essenciais do
planeta, como é o caso dos recursos da biodiversidade, que estão hoje
ameaçados”, explicou.
A “mensagem de fundo” do festival
é a transmissão “dos valores do Cristianismo”, num “diálogo perene com as
outras duas Religiões do Livro, o Judaísmo e o Islão”, que “também tiveram uma
presença enorme” no território e cujos patrimónios são preservados “com grande
desvelo” por parte da Igreja Católica.
Em Santiago do Cacém, Serpa,
Alvito e outros pontos da diocese há “testemunhos objetivos” da presença de
outras religiões, como pequenas sinagogas e mesquitas, além dos traços que
permanecem na “tradição oral”.
“Temos muitos laços de união e
importa caminhar em conjunto”, observou José António Falcão, adiantando que o
DPHA está a “tentar lançar as bases de um arquivo da religiosidade popular da
região”.
Depois de revelar que pretende
divulgar a herança musical judaica clássica e da diáspora, o responsável
enalteceu o legado do Islão, “de uma beleza, profundidade espiritual e riqueza
cultural enormes”.
O Departamento do Património
Histórico e Artístico apresentou na última semana a obra ‘No caminho sob as
estrelas’, com estudos de 26 investigadores portugueses e espanhóis sobre as
rotas que passam pelo Alentejo em direção a Santiago de Compostela, no noroeste
de Espanha.
Os dois volumes, publicados em
parceria com a autarquia de Santiago do Cacém, oferecem “a primeira grande
síntese” da presença do Caminho no sul de Portugal, abrangendo o Algarve,
Alentejo e vale do Rio Tejo, além da Andaluzia e Estremadura espanholas,
referiu José António Falcão.
A edição inclui o catálogo da
exposição realizada em Santiago do Cacém no ano de 2007, que trouxe a Portugal
um conjunto de obras que nunca tinham saído de Espanha, salientou.
“O Caminho de Santiago é talvez o
mais antigo fautor da identidade da Europa”, destacou o responsável,
acrescentando que em 2011 passaram pelo menos três mil peregrinos pelo
itinerário alentejano que se dirige ao santuário localizado na Galiza.
Comentários