Igreja/França: Abbé Pierre nasceu há 100 anos
Assinala-se hoje o centésimo
aniversário do nascimento de Henri Grouès, o padre católico francês que ficou
conhecido como Abbé Pierre (1912-2005).
O sacerdote é evocado pelo
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) numa série de peças em que
se recorda o seu compromisso em favor dos mais necessitados, desde a juventude,
e a sua luta contra as injustiças, a começas na II Guerra Mundial, quando se
juntou à Resistência.
Preso pelo exército alemão em
maio de 1943, numa altura em que tinha assumido o nome Abbé Pierre, o padre
francês foge, passa pela Espanha e chega à Argélia, onde encontrará o general
de Gaulle.
Terminada a guerra, lança-se na política
através do ingresso no Movimento Republicano Popular, que abandonará
posteriormente.
Em 1949 propõe um projeto-lei que
visava o reconhecimento da objeção de consciência e empreende a construção,
frequentemente ilegal, de alojamentos para famílias sem-abrigo.
A residência do sacerdote, uma
casa deteriorada que restaura em Neully-Plaisance, arredores de Paris, torna-se
um albergue de juventude internacional batizado “Emaús”.
“Começa aqui o combate conta a
exclusão, a partir de uma ideia simples mas que ao tempo era inovadora: a
revenda de objetos recuperados”, destaca o SNPC.
As primeiras comunidades de Emaús
nascem segundo o princípio «dá-me a tua ajuda para ajudar os outros». “Emaús tornou-se uma recuperação
de homens a propósito da recuperação de coisas”, definiu o Abbé Pierre.
Em fevereiro de 1954, o
responsável reage a uma vaga de frio lançando um apelo de socorro aos
microfones da rádio RTL, que desencadeou a chamada “insurreição da bondade”,
que permitiu a construção de alojamentos de emergência.
“Apesar da sua saúde frágil, Abbé
Pierre multiplicava-se em viagens – escapou de um naufrágio em 1963, no rio de
la Plata, Uruguai – tornando-se a voz dos sem-voz”, destaca o perfil biográfico
traçado pelo SNPC, organismo da Igreja Católica em Portugal.
No início dos anos 80 a
comunidade de Emaús organiza a distribuição noturna de alimento; em 1984 funda,
com outras instituições, o Banco Alimentar e reforça-se a ação em favor dos
sem-abrigo.
Em 1988 é criada a Fundação Abbé
Pierre, que continua o trabalho de alojamento dos desfavorecidos.
Na década de 90, o sacerdote
abraça a causa dos direitos dos imigrados: no Pentecostes de 1991, jejua na
Igreja de São José, em Paris, com um grupo de pessoas que mantinham uma greve
de fome por lhes ter sido negado o direito de asilo.
“Nunca deixou de estar ao lado
dos sem-abrigo e dos indocumentados, combatendo o «mal da indiferença». É, por
isso, uma das figuras mais queridas dos franceses, tendo sido várias vezes
condecorado pelo Estado”, complementa o SNPC.
Abbé Pierre morreu a 22 de
janeiro de 2007, às 05h25, num hospital de Paris, onde estava internado há
cerca de uma semana, devido a uma infeção pulmonar.
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