Mais de 2 milhões de muçulmanos viajam para Meca - Por Agence France-Presse
A peregrinação é o maior encontro
humano no mundo e representa para as autoridades sauditas um grande desafio
logístico
Mais de dois milhões de
muçulmanos de todo o mundo estão se dirigindo para Meca para dar início aos
rituais da peregrinação anual, que, segundo as autoridades sauditas, não deve
ser afetada pela instabilidade regional.
Em grupos, muitas vezes conduzidos por guias, com as bandeiras de seus
respectivos países impressas em suas vestimentas brancas, os fieis se reúnem na
cidade do oeste da Arábia Saudita, proibida aos não-muçulmanos. Os ritos começam na quarta-feira e terminam
na quinta-feira com a chegada dos peregrinos no Monte Arafat, perto de Meca, na
véspera da festa do Fitr.
"Esta é a primeira vez que
faço a peregrinação. Mal posso esperar para chegar ao Monte Arafat",
seguindo os passos do profeta Maomé, disse Koara Abdel Rahman, um empresário de
32 anos de Burkina Faso. Mais de 1,6
milhão de peregrinos estrangeiros já chegaram à cidade sagrada do Islã, e devem
se juntar aos outros 750.000 fieis vindos do reino.
Na grande Mesquita, que abriga a
Caaba, os fieis dormiam profundamente pelos cantos, enquanto outros oravam e
liam o Alcorão. Outros peregrinos,
vestindo a túnica branca não obrigatória para os homens, andavam em torno da
Caaba, se acotovelando para tocar e beijar a pedra cúbica, cuja origem remonta
a Abraão, segundo a tradição muçulmana.
"Eu rezo para Deus para curar todos os muçulmanos doentes",
disse uma mulher iraniana, chorando de emoção.
A peregrinação, que todo
muçulmano deve realizar pelo menos uma vez em sua vida se tiver os meios, é o
maior encontro humano no mundo e representa para as autoridades sauditas um
grande desafio logístico.
Autoridades sauditas seguras Em uma coletiva de imprensa
sábado à noite, o ministro saudita do Interior, o príncipe Ahmad ben Abdel
Aziz, garantiu que o hajj não será afetado este ano pela instabilidade
regional. "Eu não acredito que os
peregrinos ou a peregrinação sejam afetados pelo que está acontecendo em outros
lugares, seja na Síria ou em outro lugar", disse o ministro.
A agência oficial de notícias
SANA indicou em setembro que a Arábia Saudita havia proibido os sírios de
participar do hajj, mas o reino negou esta informação. Os peregrinos sírios eram,
no entanto, difíceis de serem encontrados em Meca.
"Eu rezo pelos sírios", afirmou
Habiba al-Soumaidi, de 64 anos, vinda da Tunísia, onde se desencadeou a
Primavera Árabe, que na Síria se transformou em um conflito sangrento.
"Eles devem saber que estamos de coração com eles, e espero que em breve
conquistem, assim como nós, a liberdade".
O ministro do Interior também
assegurou que o reino não espera que os iranianos causem problemas. "Os
iranianos nos asseguraram que eles também estão preocupados com o bem-estar dos
peregrinos", disse.
Confrontos entre manifestantes iranianos e as forças
sauditas causaram 402 mortes, entre elas a de 275 iranianos, em 1987. Desde
então, os peregrinos iranianos se contentam em organizar dentro de seu
acampamento sua manifestação anti-americana tradicional.
As autoridades também temem
episódios de pisoteios, como o que tirou a vida de 364 peregrinos em 2006, mas
nenhum incidente deste tipo aconteceu desde então, graças às obras de expansão
dos Lugares Santos realizados pela Arábia Saudita.
As forças de segurança,
mobilizadas durante a peregrinação, organizaram um desfile no sábado, durante o
qual os membros das Forças de Operações Especiais simularam intervenções com
helicópteros.
A disseminação de doenças é outra
preocupação das autoridades. Mas o ministro da Saúde saudita, Abdullah al-Rabia
assegurou início de outubro que o novo vírus da família dos coronavírus, que
matou um saudita, ficou limitado e que não havia risco para os peregrinos.
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