Intercâmbio: veja como escolher uma universidade no exterior – Por Cláudia Emi Izumi
O número de instituições de
ensino superior existentes nos Estados Unidos, uma das rotas preferidas do
brasileiro no exterior, dá uma ideia da dificuldade que é escolher uma
universidade estrangeira para cursar a graduação.
Os dados mais recentes do
Centro Nacional de Estatísticas Educacionais americano, de 2008-2009, apontam
mais de 4.000 instituições no país.
Para facilitar a seleção, o UOL
ouviu o EducationUSA, especializado em Estados Unidos e o British Council, do
Reino Unido, ambos no Brasil. Confira abaixo o caminho das pedras para escolher
a instituição em que passará os próximos anos de estudo.
Onde e como se informar sobre a
qualidade do diploma?
Vale a pena verificar os rankings
internacionais de qualidade do ensino superior, como o THE (Times Higher
Education), a lista da consultoria internacional QS e o Shanghai Ranking. Há
também listas feitas por instituições de cada país, como a norte-americana do
US News.
"No Reino Unido, existe uma
fascinação pelos rankings, que indicam as melhores universidades, os melhores
cursos, os melhores em direito ou administração ou a satisfação por aluno, por
exemplo", explica o gerente de educação do British Council, Rodrigo Gaspar.
"O brasileiro não é tão
apegado a isso, mas é bom cruzar esses dados porque as mesmas universidades vão
aparecer sempre nesses rankings, mesmo que os critérios de avaliação sejam
diferentes, o que já serve para reduzir a lista de opções de escolha."
Como saber mais sobre as
universidades que me interessam?
As feiras estudantis, que
aumentaram no Brasil em 2012, são boas oportunidades para esclarecer dúvidas e
buscar informações diretamente com os representantes das universidades.
Neste ano, o British Council
adianta que 65 instituições vão participar de um evento do gênero em 19 de
outubro (São Paulo) e 21 de outubro (Rio), com locais e horários a serem
divulgados.
A orientadora educacional do
Alumni Advising, que representa o EducationUSA no Brasil, Marta Bidoli
Fernandes lembra que, dependendo do perfil do aluno, ele pode ter uma estadia e
um aproveitamento educacional melhor em um college, com uma estrutura menor que
a oferecida por uma universidade.
Procurar grupos de estudantes e
ex-alunos em redes sociais é uma boa opção. São eles que poderão melhor falar
sobre a experiência da graduação e o ambiente escolar.
Como saber se a instituição está
preparada para receber alunos estrangeiros?
O número de estudantes
internacionais e um setor ou departamento para atendê-los são indicativos de
que a universidade tem uma política de incentivo para receber pessoas de outras
nacionalidades.
O dado é importante para
intercambistas, mas estudantes que pretendem fazer toda a graduação no exterior
deve saber que o tratamento para o estrangeiro será o mesmo dado aos outros
alunos.
Como é feita a validação do
diploma para quem faz a graduação no exterior?
O diploma obtido no exterior
precisa ser reconhecido e autenticado na representação oficial do Brasil, ou
seja, no consulado brasileiro no país onde o jovem estudou. Ao chegar aqui, em
geral, o pedido para validar o documento ocorre diretamente em uma instituição
pública de ensino superior.
O processo não é unificado e os
documentos pedidos, as taxas cobradas e o tempo que demora para sair o reconhecimento
variam conforme a universidade.
Além do requerimento, o graduado
terá que apresentar uma cópia do diploma a ser revalidado, documentos
referentes à instituição de ensino, duração e currículo do curso, conteúdo
programático, bibliografia e histórico escolar. O diploma só será validado se
for semelhante a um curso de graduação brasileiro.
Como posso me informar sobre o
currículo do curso?
As matérias que podem ser
cursadas na graduação constam no site das próprias universidades, assim como o
número de créditos-aula do curso. Caso não haja informações online, será
necessário entrar em contato com a universidade e pedir o currículo detalhado.
O estudante deve estar atento ao
currículo. As universidades do Reino Unido e Irlanda, por exemplo, adotam
disciplinas diferentes para cursos semelhantes e, por isso, Gaspar recomenda
que o jovem interessado em graduação no exterior analise minuciosamente o que
vai estudar na instituição como matérias obrigatórias e eletivas, que ele mesmo
terá de definir depois de matriculado.
Ele lembra ainda que os
brasileiros precisam estar cientes que o sistema educacional é diferente do
brasileiro. Na maioria dos cursos, há um ano "zero", chamado de
"foundation year". É um período de adaptação do estudante que vai
cursar uma universidade e se preparar para acompanhar o ritmo das aulas.
Quando a pesquisa por cursos deve
começar?
A pesquisa sobre as universidades
deve ser feita pelo próprio estudante do ensino médio muito antes dele concluir
o curso dele aqui no Brasil. O
recomendado é procurar informações a partir do segundo ano do ensino médio.
O caminho é longo. A busca de
informações, pela internet, pelo British
Council, pelo EducationUSA, em feiras estudantis de intercâmbio e redes
sociais, por exemplo, é extensa e cansativa.
Há testes de comprovação do nível
de proficiência em língua estrangeira (o bom é prestar o quanto antes, pois a
procura é grande). Os documentos enviados às instituições de ensino precisam
ser traduzidos por um tradutor juramentado e os processos de admissão e de
visto, entre outras burocracias, podem levar muito tempo, entre outras
burocracias.
O adolescente precisa definir
questões de ordem prática antes de começar a pesquisa. Devem ser levados em
conta o Estado e o tipo de clima, o custo de vida local, o porte da
instituição, a área de estudo de interesse e até atividades extracurriculares
que gostaria de estar envolvido.
"Os critérios e os objetivos
precisam ser claros porque as opções são muito amplas", justifica a
orientadora do Alumni Advising.
Os pais podem participar com um
levantamento do quanto do orçamento familiar estará disponível para os estudos
do filho no exterior. Este, por sua vez, precisa checar quais universidades
fornecem bolsas de estudo parciais ou integrais para estudantes internacionais.
É melhor uma instituição em
grandes cidades ou em menores?
Mesmo para quem quer estudar na
Inglaterra, Londres pode não ser a escolha mais óbvia. A cidade é cosmopolita e
tem todos os seus atrativos, mas isso não significa que é o local mais indicado
para estudar. Dependerá da área de graduação do estudante.
"Moda, comunicação, mídia,
por exemplo, têm de ser em Londres", explica o gerente de educação do
British Council. "Mas os campi fora da cidade precisam ser considerados
para outros cursos porque são mais estruturados, alguns até com supermercados e
cinema para os alunos. Vive-se melhor e com menos."
Segundo Gaspar, há uma diferença
de cerca de 30% ao se viver um mês na capital britânica e fora dela.
O melhor é fazer a graduação
completa no exterior ou apenas um programa de intercâmbio?
Não há uma resposta mágica, mas
dois itens pesam na escolha entre fazer o curso de graduação completa no
exterior ou um programa de intercâmbio com duração menor: objetivo e recursos
financeiros.
Se o jovem tem condições
econômicas ou uma bolsa de estudos para fazer a graduação no exterior, ele terá
um diploma de universidade estrangeira nas mãos quando se formar. Isto será bem
visto por empregadores e por instituições de ensino, caso queira seguir
carreira acadêmica.
Por outro lado, se a graduação
não tiver um equivalente no Brasil, o aluno terá dificuldades para validar seus
estudos e fazer, por exemplo, um mestrado ou um MBA na volta ao país de origem.
Se optar por fazer a graduação no
Brasil e só fazer um intercâmbio durante a faculdade, ele sairá com um diploma
brasileiro, mas a vivência no exterior será considerada no mercado de trabalho.
Fonte: http://educacao.uol.com.br
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