Pacientes que têm fé respondem melhor a tratamento, dizem médicos
Uma pesquisa feita pela
Universidade de São Paulo (USP) mostra que pacientes que têm fé, respondem
melhor ao tratamento de doenças.
De acordo a terapeuta do Hospital das Clínicas
na capital paulista, Katya Stübing, o estudo é resultado da busca por maior conhecimento
sobre fé, espiritualidade e recuperação de pacientes. “Está havendo uma revisão
muito grande do que é fé, do que é espiritualidade e do que é religiosidade”,
comenta a especialista.
A relação de fé e cura é assunto
abordado na quinta e última reportagem da Série ‘FÉ’ exibida nesta sexta-feira
(4) pela TV Tem, emissora afiliada da Rede Globo no interior de São Paulo.
Durante toda a semana, foram discutidos assuntos como história das religiões,
ciência e fé, sacrifícios e peregrinações e os destaques do mercado da fé.
A terapeuta Stübing explica que
na pesquisa, o principal objetivo é entender história de pessoas que se dizem
curadas pela fé. “A fé tem um efeito enorme no processo de cura. A gente tenta
fazer pesquisas para entender melhor como este mecanismo se dá e o que é que
acontece, principalmente na mente das pessoas, porque quando a gente está
falando de crenças, a gente está falando da nossa mente, daquilo que a gente
acredita, do mais profundo da nossa consciência”, ressalta.
É à fé que a recepcionista Renata
Celizardo da Silva atribui a cura do filho Pedro. Ele nasceu com problemas de
saúde e os médicos chegaram a dizer à família que não tinham mais o que fazer
para salvar o menino.
“Eles disseram que o que podiam fazer tinham feito. Então
eles tiraram todo mundo da sala em estávamos e eu fiquei sozinha com o Pedro.
Ele estava com aquele aparelho que monitora as batidas cardíacas e o
coraçãozinho dele estava parando. Ele estava prestes a morrer. Foi muito
triste. Naquela hora eu o entreguei nas mãos de Nossa Senhora. Eu falei: meu
filho agora é seu”, comenta a mãe.
Ainda quando estava com o menino,
os aparelhos de monitoramento silenciaram, indicando que o coração do menino
havia parado. Foi nessa hora que Silva, em forma de despedida ao filho, começo
a cantar uma música em homenagem à Santa, chamada Mãezinha do Céu. Veja a
letra:
Mãezinha do céu, eu não sei rezar
Eu só sei dizer quero te amar
Azul é seu manto, branco é seu
véu
Mãezinha eu quero te ver lá no
céu
Mãezinha do céu, mãe do puro amor
Jesus é seu filho
Eu também sou
Mãezinha do céu, vou te consagrar
A minha inocência, guarda-a sem
cessar
Azul é teu manto, branco é seu
véu
Mãezinha eu quero te ver lá no
céu
Quando a mãe terminou a canção,
os aparelhos voltaram a dar sinais do batimento cardíaco do menino. “O médico
dele falava assim: olha, o Pedro é muito forte. Ele está vivo, não tem
explicação, porque eu fiz de tudo. Eu sabia que não conseguiria fazer mais
nada”.
A dona de casa Izilda Aparecida
Bavarotti Maluf é outra mãe que se agarrou a fé para recuperação de um filho. A
mulher conta que há cinco anos, a filha Fernanda Maluf, sofreu um acidente na
BR-153 em Bady Bassit, na região de São José do Rio Preto (SP). A jovem seguia
de motocicleta até a casa de amigos. Ao atravessar o cruzamento, foi atingida
por uma caminhonete em alta velocidade.
Um médico que passava pelo local,
parou o carro e fez os primeiros socorros. Ele foi o primeiro a pensar que a
jovem não iria sobreviver. No hospital, ela foi considerada morta. “Veio um
médico até mim e perguntou o que eu era da Fernanda. Eu falei: sou mãe. Ele
então disse: Então mãe, infelizmente a Fernanda está morta”, conta Maluf.
A notícia não abalou a dona de
casa. “Eu não acreditava porque tinha um Deus vivo no meu coração. E Deus
falava: vou por a tua filha em pé”, relembra. No corredor do hospital, amigos e
parentes formavam uma corrente de oração pedindo que a jovem não morresse.
Depois de várias cirurgias e procedimentos, os médicos conseguiram reanimá-la,
mas Maluf ainda corria um sério risco. De acordo com o médico César Espada, que
acompanhou a história, Fernanda tinha em torno de 90% de chance de falecer.
A jovem contrariou a medicina.
Saiu do hospital e a cada dia surpreende a todos. “Quando ela teve alta, saiu
daqui acamada e não tinha reação nenhuma. Eu realmente fiquei surpreso ao
encontrá-la como está. Nós tivemos outros casos de lesões semelhantes e que
tiveram evoluções muito diferente. Me chamou a atenção a questão da família que
sempre esteve à disposição dela, sempre com muita fé, orando muito e com este
objetivo: ela vai ficar bem, vamos levar pra casa que ela vai ficar bem”, diz o
médico.
Fernanda Maluf ficou com algumas
sequelas, mas a história de quem estava morta e sobreviveu mostra que a fé pode
superar qualquer situação. “Sou um milagre de Deus porque se eu não cresse
nesse Deus, eu não estaria aqui hoje. Ou estaria em uma cama, ou estaria morta
ou em uma cadeira de rodas”, diz a jovem.
Outra pessoa que atribui à fé a
cura de problemas na coluna é o motorista Benedito Ferreira Neto. Segundo ele,
foram 25 anos com dores nas costas por causa de três hérnias de disco. Nem
mesmo uma cirurgia resolveu o problema. Ele então resolveu pedir ajuda pela fé.
No Centro Espírita da Prece, fundado por Chico Xavier em Uberaba (MG), passou a
frequentar as sessões de passe.
Pelo menos uma vez por semana,
recebe oração e as vibrações de médiuns. Ele ainda passou a estudar o evangelho
e descobriu que a caridade é um santo remédio, por isso, ajuda no preparo de
refeições para pessoas pobres. Segundo ele, o diagnóstico médico apontava que
não poderia pegar peso, no entanto, faz trabalho pesado carregando caixas. Ele
afirma que desde que passou a servir o próximo, as dores desapareceram. “Antes
da cura, eu era um homem podre. Hoje sou um homem sadio”, afirma.
Na região do Vale do Paraíba
(SP), uma unidade de saúde, umas das únicas no país, além do acompanhamento
científico, trata os pacientes por meio da espiritualidade. Os pacientes quando
chegam ao hospital, se queixando de dores pelo corpo. Eles são atendidos por
médicos e enfermeiros, mas além do tratamento ambulatorial, recebem um outro
tipo de ajuda, a espiritual.
A dona de casa Dirce Nascimento
Reis chegou à unidade com fortes dores. “Eu passei a noite com dor no joelho e
esta dor ia até o tornozelo, indo e voltando. Aí eu vim procurar um médico”,
comenta.
Depois da consulta, foi a vez de
tratar de outra parte: ter uma conversa de aconselhamento com o enfermeiro
Tiago Marcon, especialista em trabalhar o emocional dos pacientes. “A gente
precisa ter uma visão geral do ser humano, daquilo que faz parte dele, das
dimensões biopsico-espiritual. Cada pessoa é um ser biológico, tem um corpo, é
um ser social, que se relaciona com os outros, é psíquico, tem suas emoções e é
espiritual”, ressalta.
Para Reis, o tratamento integrado
foi válido. “Dá um alívio no corpo todo e na alma também”, afirma. Segundo
Marcon, os pacientes são orientados de uma maneira muito responsável e entendem
que a cura é um conjunto.
“A gente acredita que pela fé a cura pode acontecer.
Mas nós também acreditamos que este mesmo Deus que cura é o mesmo Deus que fez
o médico, é o que fez as medicações e que você precisa continuar tomando,
porque muitas vezes a sua cura vai ser por aí”, ressalta.
Em Itapetininga (SP), a fé também
faz parte das prescrições para quem busca atendimento na igreja matriz. O
comerciante Júlio César Rolim é servo da Renovação Carismática Católica. Uma
vez por semana, para todos os compromissos para ouvir os fiéis. Muitas pessoas
chegam aqui precisando desabafar. O serviço que começou com poucos
atendimentos, hoje atrai pessoas de toda a região que buscam um milagre. E a
conversa traz conforto e esperança.
“Mesmo na dificuldade, mesmo na
enfermidade, Deus nunca nos abandona. Quem tem Deus dentro de si não importa a
prova, não importa a atribulação, não importa a dívida, não importa a
enfermidade”, comenta.
Já em São Miguel Arcanjo (SP), no
silêncio do campo, escondido na paisagem tranquila, vive Antônio. O homem, que
no passado foi mal interpretado por tentar fazer o bem, é bastante procurar por
pessoas que querem ser benzidas. Ele é curandeiro.
Antigamente, eram aos curandeiros
quem as pessoas recorriam para curar os males. Eles existiam com mais
frequência no passado, principalmente, onde não existiam médicos. “Não tinha
médico, tinha o farmacêutico”, diz. Quem procura o curandeiro busca a cura de
diferentes doenças. A dona de casa Eleni Nunes Silvério busca cura da
depressão. “Eu venho aqui em busca de oração. Estou sofrendo muito. Aqui eu
busco paz e consolo”, ressalta.
O atendimento não é cobrado. A
única exigência é que a pessoa tenha fé. “Eu sinto bem quando a pessoa volta
dizendo que voltou a dormir, que passou bem ou que venceu uma dificuldade. Esta
é a maior satisfação”, afirma.
Agradecer às bênçãos alcançadas é
o que leva centenas de pessoas até o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em
Aparecida (SP). No local, existe a ‘Sala das Promessas’. No espaço, as pessoas
deixam manifestações de agradecimento à Santa. São próteses de membros, fotografias
e outros objetos que têm ligação com a cura alcançada. Para os fiéis, é uma
maneira de agradecer o intermédio de Nossa Senhora Aparecida. A dona de casa,
Maria Dolores de Melo, saiu de Paranapanema, na região de Itapetininga (SP),
para manifestar gratidão. “Eu nem sei como agradecer à Nossa Senhora Aparecida.
Deixei fotos na sala das promessas”, comenta.
As histórias de fé se multiplicam
em Aparecida. A dona de casa Dolores Getsina de Resende foi curada de um
problema em uma das mãos. Depois da fratura no braço, os médicos disseram que
ela não iria recuperar os movimentos. “A minha fé me curou. Eu acredito e tenho
certeza. Para todo mundo ver, eu consigo movimentar a minha mão e isso é muito
bom. Não aceitei quando o médico deu o diagnóstico. Eu falei que iria
movimentar a minha mão, que eu ia fazer uma promessa”, disse.
Quem também não aceitou o
diagnóstico médico foi a funcionária pública Dora Nascimento do Amaral.
Ex-atleta, ela conta que durante uma competição teve uma ruptura de um
ligamento do joelho. Após o problema, ela viu a carreira afundar na mesa de
cirurgia. “Na cirurgia, o médico falou que conseguiria recuperar 80% dos
movimento. O restante ficaria por minha conta”, relembra.
Amaral afirma que após a cirurgia
conseguia andar, mas o sonho era voltar ao esporte. Ela iniciou orações pedindo
intervenção divina. “Eu vim até Aparecida pedir ajuda à Santa. Depois de um ano
eu comecei a fazer tudo de novo. É uma coisa assim inexplicável. Para
agradecer, eu venho todo ano à basílica para agradecer”, completa.
Fonte: http://g1.globo.com
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