A celebração da Páscoa nas diversas religiões


A celebração da Páscoa é plena de elementos compartilhados por outras celebrações e por várias religiões. 

Esta é a tese defendida por Sérgio Sergio Ribichini, historiador das religiões do Instituto de Estudos sobre o Mediterrâneo Antigo (Isma-Cnr) num artigo publicado no Almanaque da Ciência.

“A Páscoa para os cristãos é a celebração da ressurreição de Jesus. Para os judeus era inicialmente uma festa primaveril pelo ano novo, celebrada na noite do plenilúnio do mês de Nisan, para recordar a noite em que o anjo exterminador tinha passado (seria o significado de Pesach), atingindo somente os primogênitos dos egípcios”, explicou Ribichini.

Com o cristianismo, além do significado, mudou também a data da celebração da festa: “os judeus a festejam no 14 de Nisan. Os cristãos inicialmente escolheram o domingo imediatamente sucessivo, para recordar o dia da Ressurreição. Após, com o Concílio de Nicéia, em 325, ficou estabelecida a data no domingo seguinte ao primeiro plenilúnio após o equinócio da primavera. Na prática, entre 22 de março e 25 de abril”, explicou o pesquisador.

“Os ortodoxos seguem um calendário litúrgico diferente e a data da Páscoa pode variar entre 4 de abril e 8 de maio. Neste ano, por exemplo, será em 5 de maio”, acrescentou.

No passado, os estudiosos das religiões Mircea Eliade e James George Frazer insistiam na analogia entre a festa cristã e outras recorrências, porém, “são teses em parte superadas, escreve o antropólogo Ernesto De Martino. Mais significativo, no plano histórico, a Páscoa seria como que uma repetição ritual de um modelo mítico original, que representaria a superação periódica das angústias que permeiam os momentos de crise. Para aqueles que a celebram como festa religiosa, conclui Ribichini, a Páscoa é um acontecimento fundamental sempre igual a si mesmo e fora do tempo, capaz de reassegurá-la com a sua regularidade e centralidade”.

n.d.r – Nisan é o sétimo mês do calendário hebraico segundo o cálculo ordinário. Ao invés disto é o primeiro mês segundo o cálculo da saída do Egito ou o oitavo mês no cálculo ordinário de alguns anos. No calendário corrente cai nos meses de março-abril. No 15º dia do Nisan cai a Festa da Pesach, a Páscoa judaica, celebrada em recordação à saída dos Judeus do Egito.



 

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