Dom Erwin Kräutler é Doutor Honoris Causa da UFPA
Por uma história de vida marcada
por lutas em favor de causas sociais e ambientais na Amazônia, o bispo da
prelazia do Xingu, dom Erwin Kräutler, recebeu da Universidade Federal do Pará
(UFPA) a maior honraria existente no meio acadêmico: o título de doutor honoris
causa. A solenidade de entrega do diploma ao bispo foi realizada nesta
quinta-feira, 21 de março, no auditório do Sesi, no município de Altamira.
Professores, alunos, autoridades
municipais e religiosas acompanharam as homenagens a dom Erwin. O diploma foi
entregue pelo reitor da UFPA, Carlos Maneschy, que destacou o significado da
homenagem ao bispo.
“Dom Erwin é um doutor no sentido mais pleno da palavra.
Doctor, aquele que excede em competência e talento aquilo que faz e causa. E a
UFPA, por estar intrinsecamente ligada às questões sociais, à defesa de
direitos e à transformação de vidas para melhor, tem esses valores associados a
dom Erwin”.
O título é atribuído à
personalidade que se destacou pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das
ciências, da filosofia, das letras, da promoção da paz, de causas humanitárias
ou ações de serviço que transcendam família, pessoas ou instituições, servindo
de exemplo para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral.
A trajetória de luta do bispo foi
relembrada por amigos, ex-alunos e admiradores. Cada um relatou a experiência
que teve ao lado de dom Erwin, como a coordenadora do Campus de Altamira, Maria
Ivonete Coutinho. “Eu conheci o bispo em 1978, quando estudava em um convento e
pude acompanhá-lo em várias visitas às comunidades carentes da região. A partir
daí, passei a admirar seu trabalho”, conta.
Reconhecimento nacional e
internacional
A professora Ana Tancredi, do
Instituto de Ciências da Educação (ICED/UFPA), apresentou em seu discurso o
histórico de lutas e do reconhecimento nacional e internacional do trabalho de
dom Erwin.
“Esta comenda que a UFPA concede a dom Erwin se soma a dezenas de
outros títulos e premiações que ele já recebeu, no Brasil e no exterior, por se
destacar pela defesa dos Direitos Humanos, dos povos indígenas e do meio
ambiente. Isso evidencia o alcance e a importância para a sociedade como bispo
e como cidadão engajado nas causas sociais”.
O procurador da República,
Felício Pontes Junior, também destacou as lutas do bispo em defesa dos direitos
dos povos indígenas e da Amazônia. Ele lembrou a atuação do bispo quando este
assumiu o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e passou a ser um dos mais
importantes defensores das causas indígenas, sobretudo na defesa do território,
tão cobiçado por madeireiros, grileiros e empresas.
Sua atuação à frente do Cimi
colaborou para a inclusão dos direitos dos povos indígenas na Constituição
Brasileira em 1988 e para elevar a consciência dentro da Igreja sobre esses
direitos.
A atuação do bispo também se fez presente na luta por melhorias nas
condições de vida de moradores da região do Xingu e contra a construção da
barragem de Belo Monte. “Nenhum órgão de Justiça deixou de ser cobrado por ele.
Nunca se deixou intimidar pelas ameaças que recebeu e, por isso, deixa seu nome
marcado na história deste Estado”, disse o procurador.
Defesa dos excluídos
Diante de tantas declarações e
homenagens sobre sua atuação, dom Erwin Kräutler se emocionou e falou da honra
de estar recebendo o título da UFPA.
“Não é um prêmio ou um título a mais. É um
reconhecimento único porque é do meu Pará. Receber esta homenagem da UFPA
significa que esta instituição de peso acompanha e apoia o meu engajamento, a
minha luta em defesa dos excluídos. Agradeço em nome de todas as pessoas que
deram o melhor de si e que lutaram comigo, como homens, mulheres, jovens,
crianças, enfim, compartilho com eles essa homenagem”, finalizou.
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