Líder islâmico pede por feriados muçulmanos na Alemanha – Por Tobias Schwarz
A Alemanha é lar de
aproximadamente 4 milhões de muçulmanos.
Com a proximidade do longo feriado da
Páscoa, um importante membro da comunidade muçulmana do país pediu pelo
reconhecimento legal de dois feriados muçulmanos, provocando críticas, entre
outros, dos conservadores do partido do governo da chanceler Angela Merkel.
Em 2010, o ex-presidente alemão
Christian Wulff afirmou que "o Islã faz parte da Alemanha",
provocando uma reação dos conservadores. Agora, o Conselho Central dos
Muçulmanos (ZMD) da Alemanha está trazendo o assunto de volta à atenção, sugerindo
a introdução dos feriados muçulmanos por toda a Alemanha.
O presidente do conselho, Aiman
Mazyek, disse à edição de quinta-feira (28) do jornal regional
"Westdeutsche Allgemeine Zeitung" (WAZ) que conceder um dia durante o
mês sagrado do Ramadã e outro no dia de Eid, o término do jejum, seria "um
importante sinal de integração" e "enfatizaria a tolerância em nossa sociedade".
Esses feriados não seriam dias de
folga para todos os cidadãos, especificou Mazyek, mas serviriam para dar aos
muçulmanos o direito legal de não trabalharem nesses dias. Ele acrescentou que
os muçulmanos em serviços públicos como a polícia cobririam a folga dos colegas
nos feriados cristãos como a Páscoa.
O reconhecimento legal do Islã é
uma questão controversa na Alemanha, lar de uma população de 4 milhões de
muçulmanos que foi acusada de não fazer muito para se integrar.
O desconforto
público com o aumento dessa população veio à tona em 2010, quando um livro de
autoria de um ex-membro do conselho do banco central alemão, Thilo Sarrazin, no
qual ele acusava os muçulmanos de drenarem os recursos do bem-estar social e se
recusarem a se integrar, se tornou um imenso sucesso de vendas.
Wolfgang Bosbach, um membro
proeminente da CDU (União Democrata Cristã), o partido tradicionalmente
católico de Merkel, disse ao "WAZ" que ele não vê nenhuma necessidade
de reconhecimento legal dos feriados muçulmanos, acrescentando que a Alemanha
"não tem tradição muçulmana". Os atuais feriados públicos, como os
feriados de Páscoa, fazem parte da herança cristã-ocidental, disse Bosbach ao
"WAZ".
Os Estados alemães já o fazem
Mas em alguns Estados alemães, os
devotos do Islã já têm o direito de folgar nos feriados religiosos. Hamburgo,
por exemplo, concede esse direito aos muçulmanos, e no ano passado o prefeito
da cidade, Olaf Scholz, sancionou uma lei dando aos feriados muçulmanos o mesmo
status dos feriados não públicos da Igreja.
Tanto Berlim quanto
Baden-Württemberg fizeram o mesmo, implantando o direito aos feriados
religiosos para os funcionários e estudantes muçulmanos.
Todavia, os conservadores alemães
zombam da ideia. Outro legislador da CDU, Patrick Sensburg, pediu ao país que
se concentre primeiro em "defender e fortalecer" os feriados cristãos
já existentes, pedindo por mais restrições ao comércio no domingo e chamando as
festas agitadas que ocorrem em Berlim na Sexta-Feira Santa de "um absurdo".
Guntram Schneider, um ministro
social no Estado de Renânia do Norte-Vestfália pelo Partido Social-Democrata de
centro-esquerda, disse ao "WAZ" que aumentar os feriados oficiais
"não é economicamente viável" e sugeriu um sistema de compensação de
folgas.
Fonte: http://noticias.uol.com.br
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