Incansáveis, rezadeiras visitam casas levando mensagem de fé - Por Gladys Peixoto
Elas são
incansáveis em sua peregrinação. De casa em casa propagam a devoção ao Espírito
Santo, levando uma mensagem de fé e esperança a todos que solicitam uma visita.
Assim como em todos os anos, a equipe de rezadeiras, coordenada por Aparecida
Marlene Miguel de Barros e Elisabeth Martins de Godoy, estão em ação em
diversos bairros de Mogi das Cruzes desde janeiro.
Essa é mais uma
das etapas da Festa do Divino Espírito Santo que este ano será realizada entre
9 e 19 de maio, em Mogi das Cruzes, Região Metropolitana de São Paulo. “O grupo
tem 51 pessoas, mas esse número pode chegar até 90, porque toda rezadeira tem uma
equipe que a acompanha. É muito difícil uma rezadeira trabalhar sozinha”,
explica Aparecida.
Após a missa de
envio, que foi celebrada em 13 de janeiro pelo bispo Dom Pedro Luiz
Stringhini, elas começaram as visitas. Junto com as rezadeiras, o devoto recebe
também a imagem do Espírito Santo, o cofre para doações e a caixa de pedidos.
“O cofre é lacrado e entregue na semana de início da festa na Associação
Pró-Divino. Esse dinheiro é dado aos festeiros que usam as doações para custear
as despesas da festa. Já os pedidos são incinerados no dia de
Pentecostes, após a missa de encerramento,” destaca Aparecida.
Vigília
Mesmo depois do início da festa o trabalho das rezadeiras não para. A vigília no Império é uma tarefa revezada entre as integrantes da equipe. A coordenação faz uma escala para que o local nunca fique sem a coroa do Divino. A coroa é uma oração em que os devotos invocam os sete dons do Espírito Santo: Fortaleza, Ciência, Conselho, Sabedoria, Piedade, Entendimento e Temor a Deus. No Império, as rezas acontecem às 6h, 9h, 12h, 15h, 18h e 21h.
"O trabalho delas é
fundamental para a festa porque ele trata da fé e da devoção. Essa oração
fortalece e paira no ar de Mogi das Cruzes como uma benção divina e essa
energia envolve a todos, independentemente da religião”, acredita Aparecida.
Casal unido na fé
Rosimary Abreu Gonçalves Floriano, de 47 anos, é rezadeira há sete anos. Um ano depois que começou a visitar as casas, o marido dela tornou-se também um rezador. Na caminhada de fé do casal juntou-se ainda a afilhada de 9 anos e outras crianças.
“Eu comecei recebendo uma rezadeira em casa. Depois de um
tempo, Jesus tocou o meu coração porque não é apenas dizer ‘eu quero ser
rezadeira’. Jesus precisa tocar seu coração”, explica.
Ela começou com
algumas casas na Vila Brasileira, onde morava, e pouco tempo depois já atendia
devotos no Jardim Esperança, Jardim Santa Tereza e Parque Olímpico.
Rosemary conta que mesmo depois de encerrada a Festa do Divino ainda recebe
pedido de visita. “O Espírito Santo é eterno, não tem data.”
Devoção ainda na
infância
Na companhia da avó e rezadeira Maria Selva Martinez Fernandez Scotton, Maria Eduarda Ascenção Martinez Scotton, a Duda, como é mais conhecida, já participava da visita aos devotos aos 4 anos. Hoje, com 11 anos, ela é rezadeira e participa das atividades do grupo.
“Durante a coroa do Divino ela anunciava os dons. Mas como era pequena dormia entre um e outro, mas sempre acordava a tempo”, conta a avó. Maria Selva lembra que aos 5 anos a menina se empolgou ainda mais e queria ela mesma ler os dons. Como ainda não estava alfabetizada a tarefa tornou-se um desafio, que claro, com muita fé e perseverança foi vencido pela menina.
“Ela se alfabetizou com o
livro dos dons do Divino e quando vi ela estava em uma casa que visitamos
lendo. O envolvimento dela com as orações foi uma coisa espontânea.”
Depois de
provocar espanto e certa desconfiança de quem não a conhecia, hoje Duda é uma
rezadeira oficial com direito a sair de uniforme na procissão de Pentecostes.
“Eu me sinto bem sendo rezadeira e visitando as casas. Eu gosto de ler a
Palavra e de ver a felicidade da pessoa que recebe a gente”, define Duda.
O bispo Dom
Pedro Luiz Stringhini observa que a oração do terço e a leitura da bíblia em
família é próprio da Igreja Católica. “Eu espero que a presença da Maria
Eduarda incentive outras crianças a participarem também deste evento”, diz Dom
Pedro.
A avó de Duda,
Maria Selva, é rezadeira há oito anos e começou visitando as casas de 15
famílias. Em 2012 ela calcula ter visitado 60 em diversos bairros, como Jardim
Universo, Vila Brasileira, Jardim Universo, Taiaçupeba, Vila Cintra, César de
Souza, Vila Lavínia, Parque Santana, entre outros. Para Maria Selva, a
rezadeira é um instrumento de Deus guiada pelo Espírito Santo.
“Eu tive um
tumor na medula e perdi o movimento das pernas. Nessa época o que me ajudou foi
a fé. Hoje estou curada, visitando as casas e rezando a coroa do Divino.”
Fone: http://g1.globo.com
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