A Paz e a Unidade das Religiões – Por Frei Tito Figueiroa e Marcelo Barros


A Semana de Orações pela Unidade, no Brasil, se realiza na semana que precede a Solenidade de Pentecostes. 

Este ano, será nos dias 12 a 19 de maio, Festa do Espírito Santo. Sob as inspirações do Espírito de Deus, que veio/vem unir o que estava/está disperso, as Igrejas são convocadas a se reunirem em oração pela Unidade pedida ao Pai por Jesus, na Última Ceia: “... Que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo. 17,21). 

Essa Semana é semana de oração: daí que é importante que, nas paróquias e capelas, se dedique um tempo para rezar pela união dos cristãos e de todos os seguidores de outras religiões, a fim de que sejam conquistados para se unir no mesmo amor, tolerância, solidariedade mútua, preparando a realização do sonho de Jesus: “E haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo. 10,16). 

Além do incentivo para as preces nas paróquias, a CODEIR, em conjunto com as religiões presentes no Fórum Diálogos da Diversidade Religiosa, preparou três celebrações: 

No dia 14 de maio, terça-feira, nos reuniremos na sede da Fé Baha’i, às 19:30. Sua casa de oração está situada na rua Padre Giordano, 165, Boa Viagem. É a rua que fica exatamente à direita da frente da igreja matriz de Nossa Senhora de Fátima, naquele bairro. Convidamos os católicos principalmente das duas paróquias de Boa Viagem para estar presentes na celebração. 

Na quarta-feira, dia 15 de maio, nos reuniremos no centro cultural – transformado em capela – da UNICAP, às 18 horas. É um casarão pintado de rosa; fica ao lado da entrada do Bloco A. Lá, estaremos em oração com o Grupo Alumiar, que já se reúne toda quarta-feira, no estilo amplamente ecumênico de Taizé. 

Nosso último encontro será na quinta-feira, dia 16, na casa de oração da Religião de Deus – o braço religioso da Legião da Boa Vontade. O horário está marcado para as 19:30, e está situada no bairro da Boa Vista, no final da Rua Gervásio Pires, que toma o nome de Rua de São Gonçalo, pois termina exatamente na igreja do mesmo nome. Lá nos reuniremos para orar, de novo, pela unidade no amor, na solidariedade, na tolerância e aceitação mútuas.

Aqui fica nosso convite e convocação, para todos os que almejam e fazem algo pela união e por uma cultura de paz, dando um passo mais adiante nesses sonhos. 

Frei Tito Figueirôa de Medeiros, 
carmelita, doutor em antropologia pelo Museu Nacional - UFRJ e professor da UFPE, é sócio efetivo da Associação Brasileira de Antropologia, coordena a Comissão Arquidiocesana de Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso (CODEIR).

Reflexão Cristã sobre o sentido da Unidade das Religiões

“O mundo não terá paz enquanto as religiões não dialogarem e isso não ocorrerá se as Igrejas cristãs não se unirem”. Essa afirmação do teólogo suíço Hans Kung deve ser lembrada por ocasião da Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos que, neste ano, será celebrada nestes dias (de 12 a 19 de maio). Desde mais de cem anos, algumas Igrejas consagram uma semana anual para orar e trabalhar pela unidade. É difícil avaliar o resultado dessa prática. Orar juntos é sempre bom e fecundo. O risco é que algumas Igrejas nomeiem uma comissão ecumênica, deleguem a seus membros a obrigação de participarem das relações com outras Igrejas e depois disso se desinteressem pelo assunto. Nesse caso, as reuniões, fóruns e orações em comum envolveriam sempre os mesmos e poucos personagens. Ao fazerem as atividades ecumênicas, estes acabam legitimando as suas Igrejas a não mudar nada. As comunidades concretas e paróquias continuam como sempre foram. Para evitar esse risco, em 1968, a coordenação da CNBB publicou um documento preparatório ao diretório ecumênico. Ali os bispos ensinavam que a pastoral ecumênica só é real se se basear em uma “ecumenicidade” de todas as atividades da Igreja. Ou toda a Igreja se compromete nesse caminho ou a pastoral ecumênica tem poucos resultados positivos.  
Nesse ano de 2013, o tema proposto para a semana da unidade é a palavra bíblica do profeta Miquéias: “O que Deus exige de nós?”. O próprio texto escolhido responde: “praticar a justiça, a bondade e viver com simplicidade diante de Deus” (Mq 6, 6- 8). 

No mundo atual, um dos fenômenos religiosos que mais cresce é o fundamentalismo dogmático e moral. Em nome de Deus, essa corrente religiosa prega a intolerância e a discriminação de grupos e pessoas. Hoje, no Brasil, é grande o número de deputados e políticos ligados a esses grupos. Dominam até a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Impõem a toda a sociedade seus preconceitos moralistas, afirmados em nome da Bíblia e de um Deus diferente do Pai de amor maternal, revelado por Jesus no Evangelho. O diálogo entre Igrejas e os fóruns inter-religiosos ajudam a sociedade a não afundar em projetos fanáticos e discriminadores em nome da fé. No Recife, essa Semana da Unidade será ocasião de encontros e fóruns de diálogo intercultural e inter-religioso, a serviço de uma sociedade mais justa e que melhor conviva com as diferenças. Paulo escreveu: “Cristo nos libertou para que sejamos livres. Permaneçam na liberdade” (Gl 5, 1). “Onde houver liberdade, aí está o Espírito de Deus” (2 Cor 3, 17).

Marcelo Barros,

monge beneditino, biblista, assessor nacional das comunidades eclesiais de base e de movimentos populares, membro da CODEIR e do Grupo de Estudos sobre Diálogos e Transdisciplinaridade do Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP.

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