Esta
vista, que na opinião do embaixador russo é histórica, já começou a
surtir primeiros efeitos. Assim, durante os primeiros dois dias de
estadia do patriarca Kirill em Pequim foram abordadas numerosas
questões de atualidade e de importância vital para o desenvolvimento
consequente das relações russo-chinesas, especifica Andrei Denisov:
"Trata-se,
por exemplo, da troca de estudantes do ensino espiritual, do desenrolar
do diálogo espiritual como parte do diálogo de civilizações, o que
constitui um relevante elemento do bloco humanitário de nossas relações
bilaterais. E, claro é, esta visita reveste-se de enorme significado
para ortodoxos da China".
Hoje, na
China fala-se na religião ortodoxa muito mais frequentemente do que há
alguns dias, quando dela se lembravam apenas poucas pessoas. No
entanto, a história do cristianismo ortodoxo conta no país com mais de
300 anos. Em grande parte, o cristianismo ortodoxo desenvolvia-se na
China graças às obras dos missionários russos, mais nos últimos anos
caiu praticamente em desuso.
A igreja
autocéfala chinesa não tem atualmente seu primaz nem sacerdócio
nacional. Os templos a funcionar podem ser contados pelos dedos das
mãos. Muitos deles estão em abandono, porquanto as leis chinesas
dispõem que em território da China o ofício pode ser ministrado só por
chineses que abraçaram a religião ortodoxa. Hoje em dia, eles são
apenas dois.
Contudo,
o patriarca Kirill está certo de que a religião ortodoxa pode ser
salvada na China mediante um diálogo pacífico e amigável:
"As
autoridades estatais da China estão atualmente desejosas de coadjuvar
de todas formas a edificação de uma sociedade harmoniosa em que
representantes de distintas religiões dêem seu aporte importante. Com
certeza, não é um processo fácil de realizar. Mas tenho muitas
esperanças de que na sequência do diálogo que nossa Igreja está
mantendo com o departamento estatal para assuntos das religiões da República
Popular da China todos os problemas importantes que se nos impõem hoje
encontrem gradualmente sua solução, com plena observância das leis da
China, com o apoio nos recursos locais e com a ajuda de Deus".
Com o
objetivo de a população local poder conhecer mais sobre a religião
ortodoxa, propositadamente para a visita do patriarca Kirill foi
traduzido para chinês seu livro A Liberdade e a Responsabilidade. São
reflexões sobre a essência da espiritualidade ortodoxa, o papel da
religião na constituição da personalidade, a liberdade e a dignidade do
ser humano.
O livro
já foi publicado em várias línguas estrangeiras, árabe, japonês e
hebraico, entre outras. A apresentação da versão chinesa, o evento
final do programa de estadia do cabeça da Igreja Ortodoxa Russa em
Pequim, irá se realizar à noite de 12 de maio.
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