Jovem confia mais na família, em Deus e em si mesmo do que no Estado, diz pesquisa
Pesquisa revelou que jovens
confiam mais em si mesmo do que no Estado para garantir seu futuro
Eles confiam mais em sim mesmos,
em Deus e na família do que no governo, acham que os políticos em quem votaram
não os representam, estão ainda mais insatisfeitos com os serviços públicos e,
claro, se mobilizam pelas redes sociais.
Esse é o perfil dos brasileiros
que têm entre 18 e 30, de acordo com uma pesquisa denominada "O novo poder
jovem", do instituto Data Popular e divulgada nesta sexta-feira.
O
levantamento foi feito dias antes de as cidades brasileiras se tornarem palco
de grandes protestos, iniciados justamente por essa faixa etária, que
representa mais de 42 milhões de eleitores ou 33% do total.
"O que estamos vendo nas
ruas tem a ver com essa grande crise de representatividade pela qual os jovens
brasileiros estão passando. Pelo que vimos na pesquisa, ele têm a sensação de
que não estão, ou no caso, não estavam, sendo ouvidos", afirma Renato
Meirelles, presidente do Data Popular.
De acordo com o levantamento, dos
1.502 jovens ouvidos, 75% disseram não confiar nos parlamentares e 59%, na
Justiça.
Maior exigência
Ao serem questionados sobre a
avaliação que faziam do Poder Executivo, a prefeitura recebeu a pior nota (5 em
uma escala de 10), seguida do governo estadual (5,26) e a Presidência (6,94).
O fato de o poder municipal
receber a avaliação mais baixa demonstra, segundo Meirelles, que a juventude
quer que o político no qual votaram esteja mais presente no seu dia a dia, a
começar para os problemas mais preeminentes de sua cidade.
Entre os fatores pesquisados está
a qualidade dos transportes, que recebeu nota 4,08 entre jovens de capitais e
regiões metropolitanas e 5,15 entre os das cidades do interior. Esse setor deve, segundo
Meirelles, ser analisado à parte porque é um serviço pago, diferentemente de
saúde e educação, em que temos hospitais e escolas públicas.
"O Brasil viveu muitos anos
de predominância de trabalho informal, em que o cidadão pagava apenas impostos
indiretos, ou seja, embutidos no valor dos produtos", afirma.
"Só agora, em um estágio de
maior número de empregos formais, o brasileiro passa a ter o imposto retido na
fonte e sente o leão no bolso. E então para de ver os serviços como um favor do
Estado. Passa a vê-los como uma obrigação e exige uma eficiência maior,
especialmente os do serviço pagos, como os ônibus.”
Protagonismo
Em um aspecto mais
comportamental, a pesquisa mostra ainda que o jovem de hoje confia mais em si
mesmo do que no Estado para garantir seu futuro. Entre os ouvidos, 53% dizem
que o próprio esforço é o principal fator que contribuiu para sua vida
melhorar, enquanto que o governo foi citado por apenas 2% dos entrevistados, Deus por 31% e família por 11%.
"Há um anseio de assumir
para si essa insatisfação, de ser protagonista da própria história, mas fazendo
isso por meio das urnas", afirma o pesquisador, citando que 65% dos
ouvidos disseram acreditar que podem melhorar a política brasileira por meio do
voto.
A pesquisa também mostra um fator
que foi crucial na atual onda de manifestações: o poder das mídias sociais. De cada 10 jovens ouvidos, 7
tinha contas no Facebook, Twitter ou outras redes sociais.
"Elas são a
base orgânica de mobilização hoje. Ocupam o papel que antes era ocupado pelos
sindicatos, centros acadêmicos etc. E isso cria uma outra mudança: em vez de
serem deflagradas por essas instituições, agora essas mobilizações se dão por
causas, como o aumento das tarifas de ônibus."
Fonte: http://www.bbc.co.uk
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