Tecnologias digitais revolucionam forma de pesquisar de historiadores - Por John Markoff
Pouco tempo atrás, sentado na
sala de coleções especiais do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Anders
Fernstedt consultava um conjunto imponente de artigos e correspondência
amarelados.
Muitos anos atrás, o acadêmico sueco que estuda a obra de Karl
Popper, filósofo do século XX, teria feito anotações e separado documentos para
xerocar.
Agora, porém, a ferramenta escolhida é a câmera do iPhone. Quando
encontra um documento, ele bate uma fotografia e, instantaneamente, divide a
descoberta com um colega. Na verdade, Fernstedt agora guarda sua própria biblioteca
digital de Popper no disco de um notebook MacBook Air; são mais de 50 mil
arquivos PDF.
Esse é apenas um dos exemplos de como em poucos anos o progresso tecnológico transformou os métodos de historiadores e outros pesquisadores de arquivos. A produtividade cresceu, os custos caíram e um mundo caracterizado por profissionais que trabalhavam sozinhos se tornou colaborativo.
A mudança na pesquisa em arquivos foi documentada no relatório "A favor da mudança das práticas de pesquisa dos historiadores", financiado pelo Fundo Nacional para as Humanidades dos EUA.
Esse é apenas um dos exemplos de como em poucos anos o progresso tecnológico transformou os métodos de historiadores e outros pesquisadores de arquivos. A produtividade cresceu, os custos caíram e um mundo caracterizado por profissionais que trabalhavam sozinhos se tornou colaborativo.
A mudança na pesquisa em arquivos foi documentada no relatório "A favor da mudança das práticas de pesquisa dos historiadores", financiado pelo Fundo Nacional para as Humanidades dos EUA.
"Aumentar o poder da pesquisa e de
outras ferramentas de descoberta transformou de verdade a academia na década
passada", disse Roger C. Schonfeld, diretor do programa do Ithaka S+R, grupo
de consultoria e pesquisa educacional, além de ser um dos autores do relatório.
Segundo o estudo, o uso disseminado de câmeras digitais e outros equipamentos
de digitalização "talvez seja a mais importante modificação nas práticas
de pesquisa entre os historiadores".
Segundo pesquisadores, as novas
tecnologias transformaram suas práticas. "Utilizei estratégias com a
câmera digital para reduzir a extensão das viagens ao arquivo", escreveu
em seu site Shane Landrum, pós-graduando de história da Universidade Brandeis,
Massachusetts.
"Minha metodologia mudou para melhor em termos de
eficiência. O que se perdeu foi a possibilidade de um achado feliz no resto dos
documentos da caixa de materiais, caso eu tivesse ido lá", reflete Leslie
Berlin, historiadora de projeto dos Arquivos do Vale do Silício, da
Universidade de Stanford.
Mas a mudança também criou
desafios para proteger a propriedade intelectual e ameaçou o fluxo de renda da
cópia de documentos.
"Temos acordos com pessoas que nos deram seus
documentos e, para conseguirmos monitorar tais acordos, também necessitamos
monitorar as coisas de alguma forma", afirmou Henry Lowood, curador de
História da Ciência e das Coleções de Tecnologia, Filmes e Mídia das
bibliotecas da Universidade de Stanford.
Enquanto isso, arquivistas
preocupam-se com possíveis danos aos volumes causados por pesquisadores
descuidados que achatam os livros para obter imagens melhores. As bibliotecas
também tiveram de adaptar suas regras à nova tecnologia de copiar.
Por exemplo,
inicialmente os arquivos de Stanford cobravam das pessoas quando estas usavam
equipamento próprio para copiar material, mas essa norma foi cancelada no ano
passado.
Além da questão da propriedade intelectual, a nova tecnologia criou material em excesso para os pesquisadores, o que, por sua vez, gerou novos desafios.
Além da questão da propriedade intelectual, a nova tecnologia criou material em excesso para os pesquisadores, o que, por sua vez, gerou novos desafios.
O
crescimento veloz das "humanidades digitais" levou à inovação e agora
novas ferramentas para extração de dados criadas especificamente para o volume
de documentos textuais desorganizados estão se tornando disponíveis para os
historiadores.
"Isso abre novas categorias de pesquisa", disse Joanna
Guldi, historiadora britânica e professora assistente da Universidade Brown,
Rhode Island.
Ela é uma das projetistas da ferramenta de análise de texto Paper
Machines, que dá aos historiadores a possibilidade de examinar visualmente
bibliotecas digitais em busca de alterações na linguagem e outras dicas sobre
comportamento social, político e econômico.
Fonte: http://www.otempo.com.br
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