Vencer a corrupção com mobilização social
O Conselho Episcopal Pastoral
(CONSEP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunido em
Brasília, manifesta sua solidariedade e apoio às últimas manifestações
populares contra a corrupção e a impunidade, que corroem as instituições do
Estado brasileiro.
A crescente interpelação da
sociedade para melhor qualificar, social e eticamente, os seus representantes e
outros poderes constituídos, se expressou como nova forma significativa do
exercício da cidadania. Reveladora dessa consciência cidadã foi, além das
atuais marchas contra corrupção, a mobilização durante a Semana da Pátria, que
recolheu mais de 150 mil petições via internet em favor da campanha: “Vamos
salvar a Ficha Limpa”, fruto de ação popular que, neste mês completa um ano.
Atentos para que estas
mobilizações se resguardem de qualquer moralismo estéril, incentivamos sua
prática constante, com objetivos democráticos, a fim de que, fortificadas,
exijam do Congresso Nacional uma autêntica Reforma Política, que assegure a
institucionalidade do País.
O Estado brasileiro deve fazer
uso dos instrumentos legais para identificar, coibir e punir os responsáveis
por atos de corrupção. Sem comprometimento ético, no entanto, será impossível
banir de nosso meio a longa e dolorosa tradição de apropriação do Estado, por
parte de alguns, para enriquecimento de pessoas e empresas.
Neste sentido, insistimos nas
propostas apresentadas, em nota conjunta da CNBB com a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) e Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no dia da Pátria:
“Para tornar vívido o sentimento
de independência em cada brasileiro, devem os poderes eleger PRIORIDADES que
reflitam a vontade da população, destacando-se: no Executivo, a necessidade de
maior transparência nas despesas, a efetiva aplicação da lei que versa sobre
esse tema, bem como a aplicação da “Lei da Ficha Limpa” aos candidatos a cargos
comissionados, que também deveriam ser reduzidos.
No Legislativo, a extinção das
emendas individuais ao Orçamento, a redução do número de cargos em comissão, o
fim do voto secreto em todas as matérias e uma reforma política profunda, extirpando
velhas práticas danosas ao aperfeiçoamento democrático.
No âmbito do Judiciário e do
Ministério Público, agilidade nos julgamentos de processos e nos inquéritos
relativos a crimes de corrupção e improbidade por constituírem sólida barreira
à impunidade, bem como o imediato julgamento da Ação Declaratória de
Constitucionalidade sobre a Lei Complementar n. 135/2010 (Ficha Limpa)”.
Que o Espírito Santo ilumine
todos os que, no exercício de sua cidadania, trabalham pela construção de um
Brasil novo, justo, solidário e democrático.
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom Sergio Arthur Braschi
Bispo de Ponta Grossa
Vice-Presidente da CNBB Ad hoc
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Fonte: cesaraugustonet@yahoo.com.br
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