Ccir denuncia que traficantes estão proibindo cultos de religiões de matriz africana – por Fábio Massalli
O Ministério Público do Estado do
Rio de Janeiro (MP-RJ) e a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (Ccir)
se reuniram hoje (3) para debater o pedido de instauração de inquérito para
investigar a denúncia de que traficantes que se declaram evangélicos e que
vivem em Vaz Lobo e em Vicente de Carvalho, na zona norte do Rio de Janeiro, estão
proibindo religiões de matriz africana de manter cultos na região.
Segundo a comissão, vários
centros espíritas estão sendo invadidos por pessoas que dizem ser do tráfico,
expulsando fiéis e ameaçando pessoas por usar roupa branca. O presidente da
Ccir, Ivanir dos Santos, relatou que a discriminação não é novidade e que
vários religiosos de matriz africana passaram por situações parecidas diversas
vezes.
“Isso não começou hoje, vem desde
2008. Precisávamos conversar neste momento com o Ministério Público para
conseguir uma atuação mais concreta. Amanhã vamos levar um documento para
entregar ao ministério e pretende-se instaurar uma ação civil pública para que
possa haver uma investigação de tudo que pode estar por trás deste tipo de
atitude”, disse Santos.
O documento será elaborado amanhã
(4), ainda sem uma pauta definida, mas os representantes da comissão falam em
abordar a questão da construção do Plano Nacional contra a Intolerância
Religiosa. A Coordenadoria de Direitos Humanos do Ministério Público se
comprometeu a apoiar o combate a esse tipo de crime, repudiando qualquer tipo
de preconceito e repressão à liberdade do ser humano.
O procurador Márcio Mothé faz
parte da coordenadoria e reiterou que o caso deve ser tratado como algo
gravíssimo.
“A comissão vai nos entregar um documento que encaminharemos aos
promotores da Tutela Coletiva de Cidadania e pretende-se que seja instaurado um
inquérito civil para que o promotor da área possa identificar os locais onde
estão ocorrendo maior intolerância. Há a notícia grave de que seria o tráfico e
uma determinada religião influenciando, fazendo uma pressão em detrimento de
outra. Isso será apurado e o Ministério Público tomará as providências cabíveis
a partir disso”.
A Comissão de Combate à
Intolerância Religiosa foi criada em 2008, devido ao aumento do número de casos
semelhantes. Para o delegado de polícia responsável pelo núcleo de combate à
intolerância religiosa, Henrique Pessoa, o diálogo com o MP-RJ demonstra o
avanço no tratamento a esse tipo de assunto.
“Acredito que é uma atuação muito
oportuna, vai ter um aspecto emblemático e didático muito forte. É uma
tentativa que vem ocorrendo há seis anos, tentando mostrar que o Estado está
ciente, está realmente observando o fato com a devida relevância, porque muitas
vezes as pessoas tendem a achar que o fato é de menor relevância, quando isto
envolve uma dimensão única da pessoa, qual seja sua escolha religiosa”, disse
Henrique Pessoa.
Fonte: http://noticias.terra.com.br
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