Mórmons admitem erros e corrigem “revelação” após 183 anos - Por Jarbas Aragão
Uma suposta revelação de um anjo
a Joseph Smith, em 1827, três anos depois levou à publicação do Livro de
Mórmon, também chamado de:
“Outro Testamento de Jesus Cristo”
O movimento
religioso, considerado uma seita do cristianismo, atende pelo nome oficial de
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Como a Bíblia não lhes parece
suficiente, usam uma série de livros para fundamentar suas crenças. São eles: “Livro
de Mórmon”, “Doutrina e Convênios” e “Pérola de Grande Valor”. Além disso, eles
possuem um grupo de líderes que formam o Quórum dos Doze Apóstolos e cujas
decisões são consideradas equivalentes a palavra dos apóstolos de Jesus.
Em abril 2013 o Mormonismo
decidiu anunciar que fará uma nova versão de alguns de seus livros, incluindo
comentários interpretativos e modificando algumas doutrinas estabelecidas pelo
seu fundador.
A última revisão de textos dos mórmons foi publicado em 1981,
algo que ocorre de tempos em tempos desde que o governo americano os proibiu
oficialmente de divulgar certas práticas. A deste ano, porém, é mais
profunda.
O comunicado oficial publicado no
site oficial da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, disse ter chegado a uma
decisão final “depois de oito anos de trabalho.” Os editores reconhecem
que há mudanças nos textos supostamente revelados pelo anjo Moroni a Joseph
Smith:
“A intenção era fazer com que as fossem modificar as questões
gramaticais confusas… corrigir erros nos guias de estudo e incorporar recentes
descobertas históricas em seções do “Doutrina e Convênios”.
As revisões na doutrina não são
insignificantes, pois admitem erros e questionam a infalibilidade de uma
revelação especial. Principalmente se ela sofre alterações várias vezes e se
deixa levar pelos que os líderes mórmons consideram importantes por causa de
mudanças no pensamento da sociedade.
As mudanças significativas desafiam
dois grandes erros históricos presentes ao longo dos 180 anos de tradição deste
grupo religioso. As duas novas “declarações oficiais” que aparecerão com a
edição impressa dos livros a partir de 2013 lidam com questões controversas na
história da seita: a poligamia e o racismo. O material agora está chegando aos
outros países em que existem igrejas mórmons.
O objetivo parece ser “tentar se
aproximar de ser vista como uma denominação cristã e… esse é um importante
passo neste processo”, acredita Kyle Beshears, erudito e pesquisador de
apologética.
Embora Joseph Smith ensinasse o “casamento plural”, com base no
relato bíblico sobre Abraão. Mas depois de receber uma “nova revelação”, o
presidente do conselho dos mórmons, Wilford Woodruff emitiu um manifesto
mudando isso para monogamia, que foi aceito pela Igreja e ensinado desde 6 de Outubro de 1890. Ainda assim, muitos seguidores do mormonismo mantém a
prática até hoje.
Segundo Beshears, é muito difícil
conciliar as ideias de Smith a Declaração Oficial 1, de 2013, pois a seção 132
do Doutrina e Convênios diz claramente que a poligamia é um aspecto da “nova e
eterna aliança”.
Dizem os versos 61 e 62 “Se um homem desposar
uma virgem e desejar desposar outra e a primeira der seu
consentimento; e se ele desposar a segunda e elas forem virgens e não estiverem
comprometidas com qualquer outro homem, então ele estará justificado; ele não
pode cometer adultério, porque elas lhe foram dadas; pois ele não pode cometer
adultério com o que lhe pertence e a ninguém mais. E se dez virgens lhe forem
dadas por essa lei, ele não estará cometendo adultério, porque elas lhe
pertencem e lhe foram dadas; portanto ele está justificado”.
A Declaração Oficial 2, também
modifica um artigo do Doutrina e Convênios, que não permite que negros sejam
sacerdotes ordenados, nem tenham acesso ao mais alto nível da salvação na vida
após a morte. O motivo seria a maldição mencionada no Livro de Mórmon, em 2
Néfi 5:21:21 e 23:
“Ele fez cair uma maldição sobre eles, sim, uma dolorosa
maldição, por causa de sua iniquidade. Pois eis que haviam endurecido o coração
contra ele de tal modo que se tornaram como uma pedra; e como eram brancos,
notavelmente formosos e agradáveis, a fim de que não fossem atraentes para meu
povo o Senhor Deus fez com que sua pele se tornasse escura… E amaldiçoada será
a semente daquele que se misturar com a semente deles; porque será amaldiçoada
com igual maldição. E o Senhor assim disse e assim foi”.
O apologeta Beshears explica que
“a resposta pode ser encontrada no ambiente cultural nos Estados Unidos no
século XIX e XX. A Igreja dos Santos dos Últimos Dias foi influenciada
pelo forte racismo, que era visto em todas as facetas da vida americana por
mais de 200 anos”. Ele é enfático “Embora os líderes atuais não resolvam
os problemas teológicos sobre poligamia e racismo… nem de perto corrigiram as
doutrinas perigosas e falsas de Joseph Smith”.
Com informações de
Protestante Digital e Christian Post.
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