Edir Macedo é absolvido da acusação de falsidade ideológica em venda de TV em SC
O bispo Edir Macedo, Honorilton
Gonçalves da Costa e Julio César Ribeiro foram absolvidos por unanimidade da
acusação de falsidade ideológica no processo de venda de uma rede de TV em
Santa Catarina, em 2002, durante julgamento ocorrido nesta terça-feira (26) no
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre (RS).
Eles teriam utilizado uma
procuração assinada seis anos antes por um ex-colaborador da Igreja Universal
para transferir, sem sua autorização, a Televisão Vale do Itajaí para o nome de
outra pessoa.
A reportagem não conseguiu entrar
em contato com Arthur Lavigne e Fernanda Silva Telles, advogados de Edir
Macedo, nem com os advogados dos demais réus para comentar a decisão.
Em 2009,
Lavigne havia afirmado que "não houve delito, já que a procuração já foi
feita para que a TV ficasse realmente com o bispo Macedo".
Macedo é ex-presidente da Rede
Record e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. A juíza federal Salise Monteiro
Sanchotene, relatora da ação e convocada para atuar no tribunal, afirmou
que, embora existam suspeitas, a condenação criminal não pode ser embasada em
presunções. Mas ressaltou que não há comprovação de que as cotas transferidas
pertenceriam, efetivamente, a Marcelo Nascentes Pires, o qual não teria
capacidade econômica para integrar quadro societário de emissora filiada de
televisão.
"De tal fato se extrai
fundada dúvida de que o intuito do mandante, ao repassar procuração com
abrangentes poderes de gestão de bens e espaço passível de ser posteriormente
preenchido, era mesmo, à época da confecção do documento, o de permitir
operações como as que se sucederam, não havendo falar em falso
ideológico", afirmou.
Entenda o caso
Segundo a denúncia do Ministério
Público, Edir Macedo teria utilizado em 2002 uma procuração assinada seis anos
antes pelo ex-colaborador da Igreja Universal Marcelo Nascente Pires, para
transferir sem a autorização dele a Televisão Vale do Itajaí para o nome de
outro colaborador.
De acordo com Marcelo da Mota,
Pires assinou o documento dando ao bispo plenos poderes para transferir ações
em 1996, mas o espaço relativo ao nome da empresa que seria transferida foi
deixado em branco.
Segundo a investigação, a
procuração foi completada pelo bispo em 2002, com o nome das empresas Rede
Fênix, TV Vale do Itajaí e Televisão Xanxerê. O documento foi utilizado na
transferência da TV Vale do Itajaí para Honorilton Gonçalves da Costa, também
colaborador da Igreja Universal.
A procuração também foi
apresentada para a alteração da composição societária da empresa junto ao
Ministério das Comunicações.
"A investigação demonstrou que esse tipo de
documento era comum no grupo", explicou o procurador. Segundo ele, as empresas eram
registradas em nome de terceiros, mas pertenciam de fato ao bispo Edir Macedo.
O procurador disse ainda que, de
acordo com a investigação, para se proteger, o bispo mantinha em seu poder
procurações em branco autorizando a transferência das empresas, para que ele
pudesse, a qualquer momento, transferir a empresa para outro colaborador.
De acordo com Mota, a
transferência da TV Itajaí foi um desses casos. "Marcelo Pires nega que
tenha dado autorização para o preenchimento posterior da procuração e afirma
que não autorizou a transferência. O preenchimento de dados sem autorização do
outorgante configura falsidade ideológica", disse.
Ainda de acordo com o procurador,
um dos indícios que comprovam o preenchimento posterior da procuração seria a
inclusão no documento da Televisão Xanxerê, que só foi criada em 1998. "Em
1996, a empresa não existia com esse nome, o que comprova que o documento foi
preenchido depois", disse.
O procurador afirma que a
alteração posterior do texto foi comprovada também por uma perícia da Polícia
Federal.
Também foram denunciados à Justiça
Honorilton Gonçalves da Costa e Júlio César Ribeiro, por terem contribuído para
a fraude. Segundo Mota, eles fizeram diversas transferências da propriedade da
empresa entre eles para mascarar o uso da procuração.
Fonte: http://noticias.uol.com.br
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