“The Gardener” - Por João Miranda
Mohsen Makhmalbaf é um realizador
iraniano exilado, cuja filha Samira também é realizadora (foi júri no Doclisboa
o ano passado), mas é com o filho Maysam que faz "Bagheban", uma
reflexão sobre a Religião, os seus pontos positivos e negativos, e ao mesmo
tempo um documentário sobre a religião Bahá'i.
Não querendo focar a polémica
sobre os contextos políticos da realização deste filme por um realizador
iraniano em Israel e todas as reações do Regime Iraniano ao filme, é difícil
não falar de política quando se fala sobre ele: se, por um lado, a Religião
sempre esteve intimamente ligada com a política, por outro a perseguição a que
foram e são ainda sujeitos os Bahá'i no Irão define a história deste movimento
religioso e a sua divulgação pelo mundo.
Se, à primeira vista, a Fé Bahá'i
parece ser uma Religião mais tolerante e uma atualização às religiões
anteriores (que inclui na sua base, defendendo que todas estão certas), por outro
ainda mantém proibições típicas de uma Religião que, mesmo querendo evitar de
forma consciente os dogmas, acaba por encontrar pequenos pontos de resistência
como a homossexualidade e a interpretação dos textos em que se baseia.
Infelizmente esses pontos não são referidos no filme, dando uma visão deste
religião um pouco mais rosada do que na realidade é.
Tentando mostrar os pontos
positivos da Religião (Moshen) e outro os negativos (Maysam), os dois vão
dialogando sobre o tema, sem querer chegar a nenhuma conclusão específica ou
impor-nos os seus pontos de vista.
O tom do filme é ligeiro, sem nunca
ridicularizar e tentando mostrar respeito para com as religiões e os seus
praticantes, mas também nunca assumindo posições verdadeiramente críticas ou
polémicas, o que o impede de atingir alguma profundidade.
Fonte: http://www.c7nema.net
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