Turma "pagã' reúne religiões em festival no dia 24, inclusive, com casamento – Por Paula Maciulevicius
“A melhor religião é aquela que te faz um ser
humano melhor”. A frase de Dalai Lama reflete o espírito do:
Alameda Festival,
encontro da comunidade pagã
que acontece em Campo Grande/MS, no próximo dia 24, no
Teatro Arena do Sesc Horto.
Religiões que a maioria desconhece
e que são olhadas sob a óptica do preconceito, resolveram abrir as portas para
o público. Pela primeira vez, serão reunidos o Asatru, Druidismo, Wicca,
Xamanismo, Umbanda, Camdomblé, Hinduísmo e Budismo em um só local, com
apresentações de música, teatro, dança, palestras, além de feira de artesanato
regional e esotérico.
Um dos organizadores do evento, o
estudante de História e seguidor do Druidismo, Hugo Cezar Fernandes Gondim, de
20 anos, explica que o intuito é reunir tradições religiosas de origens, célticas,
nórdicas, indígenas, africanas e orientais e que a palavra pagão, vem do latim:
pessoa que cultua o campo ou a natureza, diferente do significado atribuído
pelo Cristianismo, sustenta Hugo.
“Aqui em Campo Grande não tem
nenhum evento relacionado a isso e esse ano, nós colocamos alguns objetivos, de
combater a intolerância e desmistificar essas religiões”, comenta.
Na programação estão incluídas
palestras e mesas-redondas para discussão das religiões por cada representante.
“Muitas vezes elas são dadas como religiões alternativas, mas elas já tem aí
milênios de estudo e prática”, afirma.
O Druidismo que ele segue, é politeísta
com deuses relacionados ao sol, lua, natureza e paisagem principalmente. “São
os deuses e deusas dos celtas. Você vai descobrindo desde criança que é
diferente das outras pessoas, aí com 14 anos comecei a pesquisar”, complementa.
Hoje ele segue a religião há 7 anos.
Pertencente à religião Wicca há
três anos, a professora Elizabete Bonfim, de 31 anos, conta que foi pelas redes
sociais que os grupos se reuniram ao ponto de realizar o festival. Entre eles,
as reuniões já acontecem em um domingo por mês, chamado: “Encontro Social
Pagão”.
“Todo mundo entende bruxaria como
contra-religião, mas não prega o mal. Só faz o bem. Ela cultua e se sente parte
da natureza”, defende. A Wicca cultua deus e deusas e acredita no sagrado
feminino. Sem templo e nem igreja, as reuniões acontecem na casa dos
seguidores.
Sobre o festival, Elizabete diz
que entre todas as religiões há diferenças, mas também muitas semelhanças. “E
elas se unem, um respeita a diferença do outro”, diz.
Para encerrar o festival,
Elizabete e Hugo serão sacerdotes na celebração do casamento pagão. A união,
que seria apenas uma simulação, vai amarrar as mãos de Rose e Alessandro.
Chamado “Handfasting” (atar as mãos), a cerimônia é diferente do Cristianismo,
partindo do princípio de que tem prazo de validade.
“Você faz a intenção de viver com
a pessoa. Depois de um ano você oficializa e se não quiser continuar casado,
tem essa liberdade de dizer, porque acreditamos que tudo tem começo, meio e
fim”, explica a noiva, Rose Borges, de 32 anos.
A editora de imagens conta que o
intuito é provar que os rituais não envolvem sacrifício animal, sangue e
ninguém dança pelado. “Todos os ritos são baseados no amor próprio e no
respeito. Ficamos na dúvida do que fazer e chegamos a conclusão de mostrar como
é um casamento”, diz.
Quando ela sugeriu a simulação ao
noivo, recebeu o pedido. “Ele falou porque a gente não faz para valer?” O Alameda Festival começa às 9h e
se entende até 20h40, com entrada franca, no Teatro de Arena do Horto
Florestal.
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