Brasil fatura 60% mais com visita do papa do que com Copa das Confederações – Por Tiago Dantas
O governo do Distrito Federal
gastou R$ 2,8 milhões de dinheiro público para mil ingressos de um camarote na
abertura da Copa das Confederações.
Os agraciados com o brinde pelo governador
Agnelo Queiroz só foram revelados após o Ministério Público exigir a divulgação
da lista.
A JMJ (Jornada Mundial da
Juventude) foi mais rentável para o país do que a Copa das Confederações. O
evento católico movimentou cerca de 60% mais dinheiro na economia brasileira do
que o torneio de futebol da Fifa, segundo estudo feito pela Embratur (Instituto
Brasileiro do Turismo).
Embora atraiam públicos
diferentes e tenham suas particularidades, a JMJ e a Copa das Confederações
marcaram o ano como os dois grandes eventos que o Brasil recebeu e, por isso,
foram lembrados pela Embratur em seu estudo.
Impulsionados pela primeira
visita do Papa Francisco ao Brasil, cerca de 3,5 milhões de católicos estiveram
no Rio de Janeiro entre 23 e 28 de julho para a JMJ. Dados da Embratur revelam
que o evento movimentou R$ 1,2 bilhão na economia brasileira.
O Comitê Organizador Local da JMJ
calcula que foram gastos cerca de R$ 350 milhões com a preparação da estrutura
para receber o papa e os turistas. O dinheiro veio de doações de peregrinos,
parcerias com empresas e venda de produtos licenciados.
O poder público investiu cerca de
R$ 30 milhões no projeto, de acordo com dados oficiais. A verba foi utilizada
para melhorar a infraestrutura urbana e o acesso ao Campus Fidei, em Guaratiba,
local onde aconteceram parte das atividades da JMJ.
Já a Copa das Confederações
rendeu R$ 740 milhões, segundo a Embratur, e atraiu cerca de 250 mil turistas
entre 15 e 30 de junho nas seis cidades-sede do torneio. Os seis estádios
utilizados na competição custaram cerca de R$ 5 bilhões.
Um levantamento feito pelo Ipece
(Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará) questiona o número de
turistas atraídos ao estado pela realização de três jogos no Estádio Castelão,
em Fortaleza.
A competição levou cerca de 59
mil turistas ao Ceará, um terço do total de visitantes que o estado recebeu em
junho. A presença dos turistas gerou R$ 387 milhões à economia local. O carnaval
de Fortaleza, que nem é o mais movimentado do Nordeste, atraiu 93 mil pessoas
em 2013.
Apesar dos resultados pouco
expressivos com o evento preliminar, o governo federal calcula que os turistas
que pretende vir ao país acompanhar a Copa do Mundo devem gastar R$ 25 bilhões
entre junho e julho de 2014, 30 vez mais dinheiro do que foi movimentado na
Copa das Confederações.
A projeção feita pelo governo
federal seria capaz de pagar todo o investimento feito pela União na preparação
do País para o evento, incluindo todas as obras viárias e a remodelação de
portos e aeroportos. Entre investimentos federais, estaduais e municipais, são
previstos R$ 25,9 bilhões de investimentos.
"Mesmo considerando que
houvesse a hipótese de o ganho não 'pagar' integralmente os investimentos para
realização dos megaeventos, é fundamental lembrar que R$ 1 de cada R$ 3
investidos pelo governo federal 'na Copa' estão sendo usados para melhoria da
mobilidade urbana nas metrópoles brasileiras. Se considerarmos o investimento
em aeroportos e portos, o valor sobe para mais da metade de todo o investimento
'na Copa'", afirma o presidente da Embratur, Flávio Dino, em seu recente
artigo: "Os megaeventos valem a pena", publicado na página do
instituto.
Dino cita a melhoria da
visibilidade internacional do Brasil e do incremento na estrutura dos
aeroportos como um dos legados da Copa. Dez anos atrás, os aeroportos
brasileiros atendiam 30 milhões de passageiros por ano. Atualmente, o volume de
viagens é de 100 milhões de passageiros por ano.
"Alguns os veem [os grandes
eventos, como a Copa] como vilões que sugam recursos que poderiam ser
investidos em serviços públicos. Prefiro vê-los como uma grande aposta em um
novo projeto nacional de desenvolvimento, que evidentemente abrange a urgente
melhoria dos serviços públicos", diz o presidente da Embratur.
Comentários