Documentário registra rituais do candomblé trazidos da Bahia para Duque de Caxias
Os amantes do audiovisual já
podem conferir, a partir deste mês, mais uma produção gerada em solos
baixadenses.
O documentário: Hùndàngbènă, do fotógrafo e documentarista
iguaçuano Mazé Mixo, chamou a atenção de pessoas de todo o Brasil após o
lançamento de trailers em plataformas digitais, como Youtube e Vimeo, onde
alcançou quase cinco mil visualizações em pouco mais de um mês.
A obra percorre parte da história
de uma das religiões afro-brasileiras mais antigas e tradicionais, o candomblé.
A produção revela o cotidiano do terreiro Húmkpàmé Hùndàngbènă, fundado
por Mèjitó Marcos Carvalho de Gbésèn, localizado em Duque de Caxias.
Descendente da matriz baiana Húmkpàmé Ayono Huntoloji, fundada pela
saudosa Gaiaku Luíza de Oyá e atualmente comandada por Gaiaku Regina de
Avimaje, a filial se apresenta como um verdadeiro celeiro de resistência
cultural e religiosa.
O filme mostra algumas minúcias e diferenças desse culto
específico às divindades africanas que, no Jeje-Mahi, são conhecidas como Voduns.
Permeia também pela história do próprio candomblé, que se confunde com a dos
negros africanos trazidos para cá, oriundos de várias etnias, com diferentes
idiomas e dialetos, rituais e formas de culto, buscando reproduzir aqui os
ritos de seus antepassados.
Após a morte de seu pai-de-santo
e o fechamento do terreiro onde entrou para o candomblé há 25 anos, o
recém-iniciado Marcos Carvalho resolve partir para o recôncavo baiano em busca
da origem de suas raízes religiosas.
Percorre as Casas Matrizes do Jeje-Mahi e
acaba por conhecer, e se encantar, com o carisma, simplicidade e profundo
conhecimento da Gaiaku Luíza de Oyá, uma das mais importantes e emblemáticas
sacerdotisas da história das religiões de matrizes africanas no Brasil.
Branco, homem, jovem e ''forasteiro'',
ele passa a lidar com o preconceito e a resistência inicial de suas novas
''irmãs'': mulheres negras, idosas e experientes na religião. Com paciência e
insistência, ele conquista a todas e acaba por escrever um livro sobre sua nova
mãe-de-santo.
A obra Gaiaku Luíza e a trajetória do Jeje-Mahi na
Bahia se torna um dos únicos estudos brasileiros a tratar da vertente
Jeje-Mahi e se mantém um sucesso absoluto até hoje. Anos mais tarde, ele
finalmente funda sua própria roça em Duque de Caxias e é reconhecido como um
dos mais importantes mantenedores da cultura Jeje-Mahi no país.
Na encruzilhada do Século XXI, em
que a tradicional cultura do candomblé vem se modernizando e perdendo
identidade, o filme vem mostrar que, às vezes, o novo só é legítimo quando anda
de mãos dadas com o tradicional.
Apesar de algumas resistências iniciais de
próprios integrantes da religião, contrários por conta de alguma possível
superexposição de seus mistérios, ambos os idealizadores do projeto garantem
que nenhum fundamento ou ''segredo da Nação'' será revelado.
Os registros
apresentam como o Húmkpàmé Hùndàngbènă se mantém no Rio de Janeiro
(em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense) nos exatos moldes da ''Casa Mãe''
na Bahia.
Documentário adere a
financiamento coletivo
Após dois trailers lançados em
plataformas digitais, alcançando quase cinco mil visualizações em pouco mais de
um mês, o filme tem previsão de lançamento para janeiro. A iniciativa é 100%
independente e as imagens foram realizadas e produzidas sem ajuda de editais ou
doações. O filme foi gravado inteiramente por Mazé, com seu próprio
equipamento.
Recentemente o documentário foi
aprovado pelo Catarse, site de financiamento coletivo, onde poderá levantar
fundos para a finalização e lançamento.
Diferentemente de uma doação, por
exemplo, o sistema de financiamento coletivo estimula contrapartidas aos
apoiadores. Ao invés de apenas enviar “cegamente” dinheiro para a conta do
projeto, o apoiador pode “comprar” recompensas, como o DVD do filme, ou o livro Gaiaku
Luíza e a Trajetória do Jeje-Mahi na Bahia, autografado pelo próprio Mèjitó, ou
ao menos ter seu nome nos créditos do próprio filme como apoiador, por quantias
simbólicas, a partir de R$ 20.
Instituições, empresas e
apoiadores interessados em adquirir cotas especiais também podem participar do
projeto.
Confira:
Trailer:
Financiamento
Coletivo - Catarse:
Informações:
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